Confronto en Governo e STF sobe de tom esta semana


por Fernando Brito, Tijolaço -

Diz Lauro Jardim que Abraham Weintraub será afastado do Ministério da Educação, por ter repetido, ao confraternizar com os grupos fascistas que se manifestaram hoje em Brasília, depois do ataque a rojões ao Supremo Tribunal Federal, ter repetido a “sugestão” de que “esses vagabundos” deveriam estar na cadeia.

Pode ser que aconteça, mas “cairia” como herói dos nazistóides e “mártir de Bolsonaro”, porque está evidente que tem o aval e o apoio presidencial, pois permaneceu no cargo justamente por isso.

Não há desculpas, nem mesmo de que são grupelhos radicais que tomam atitudes como a de disparar contra o prédio do Supremo, porque deixar de ao menos condenar depois de 24 horas é o mesmo que referendar o ataque, ainda que venha a fazê-lo, de forma hipócrita, nas próximas horas ou amanhã.
Os resultados concretos são dois.

Mais um par de inquéritos estão prontos a ampliar o confronto entre o Governo e o STF.
Um deles vai mirar os financiadores dos movimentos bolsonazistas que estão formados e ativos, agindo, ao menos até ontem, com direito a uma “visita de solidariedade” de Eduardo Bolsonaro ao agrupamento de onde vieram os atacantes do Supremo. a plateia de Weintraub e o magote de fanáticos que foi se abrigar às portas do Quartel General do Exército.

Deste, é provável que logo venham decisões mais graves que os mandados de busca e apreensão expedidos contra integrantes da rede de fake news. Resultará, é quase certo, em ordens de prisões preventivas, que vão confrontar com mais radicalidade Governo e Justiça.

O outro inquérito será voltado contra o próprio Bolsonaro, por insuflar a invasão de hospitais para que seus seguidores verifiquem “se estão vazios” os leitos que se enchem de milhares de vítimas da pandemia. A manifestação de Gilmar Mendes de que “invadir hospitais é crime – [e] estimular também” deixa claro que isso vai avançar, apesar de Augusto Aras.

O segundo resultado é que vai se aprofundar a fissura no meio militar, porque a ala golpista, que se revezou na semana passada na exposição de conversas fiadas junto aos ministros de que não havia intenções golpistas no governo e que Weintraub só permanecia – desculpa ridícula – porque o Presidente estudava uma maneira de afastá-lo sem causar traumas aos filhos e ao “núcleo duro” que o chantageia, como fez Olavo de Carvalho ao mandar que Bolsonaro desse um destino inglório à condecoração que lhe oferecera.

Bolsonaro está cada vez mais perto da ideia do golpe, mas se afasta do meio que tem para isso: um apoio maciço das Forças Armadas.

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