Assassinato deliberado


 por Fernando Brito, Tijolaço -

Aqui e ali, os governos municipais vão permitindo a reabertura do comércio. Agora mesmo, felizmente, a Justiça revogou a autorização da prefeitura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, para que todas as lojas reabrissem, mesmo com uma taxa de óbitos que é, per capita, a maior do Rio de Janeiro.

O argumento, o de que a Prefeitura precisa de dinheiro para pagar servidores – entre eles, os da Saúde – e, de fato, isso é verdade.

Mas obtê-lo à custa de mortes de seus cidadãos é algo que chega às raias da monstruosidade.

O socorro federal a Estados e aos municípios segue na gaveta, esperando que se ultime o aumento salariais aos policiais de Brasília, que ficaria proibido após a aprovação da ajuda, onde se proibiram reajustes aos demais servidores públicos de todo o país.

Prefeitos e governadores estão sendo, clara e violentamente, coagidos para abrir o comércio, por uma coligação entre Jair Bolsonaro e uma parcela do empresariado.

Cria-se uma lenda agradável, a de um remédio que a OMS determinou que se pare de usar, pelos efeitos letais que provoca e a de que estamos ultrapassando a pior fase da epidemia, sem qualquer base para isso. Ao contrário, os indicadores, mesmo os oficiais e subnotificados, apontam um crescimento vigoroso na ampliação do número de contaminados e de mortos.

Teremos, ao final de maio, meio milhão de infectados e 30 mil mortes, mas nada disso provoca sequer um tremor de humanidade em Jair Bolsonaro, obsessivamente aferrado à ideia em minimizar a gravidade da crise sanitária e usar a pandemia como pano de fundo para a tomada do poder absoluto.

Semana passada, alcançamos os níveis de mil mortes diárias – que o chargista Amarildo, na ilustração aí de cima, traduz com toda a brutalidade que isso tem – e nesta chegaremos aos 1.500, a partir de amanhã.

Tangendo o povo para a rua, como se começa a fazer, garante-se a duração do desastre até, pelo menos, o final de junho, termos um milhão de infectados e mais de sessenta mil mortes.

Para seguir o caminho de Amarildo, uma bomba atômica de Hiroshima.

É a isso que os cúmplices de Jair Bolsonaro, sejam os de camisa da CBF seja os que têm a farda guardada no armário, estão se associando.

Um genocídio, algo maior do que qualquer desgraça que já se tenha abatido sobre o Brasil.

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