por Fernando Brito, Tijolaço -
Os anos como correspondente – primeiro no Estadão e agora no UOL – junto à ONU fazem de Jamil Chade o mais bem informado e bem relacionado jornalista brasileiro junto à diplomacia mundial.
Seu relato, hoje, sobre a forma que os representantes de todos os países do mundo receberam a fala de Jair Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Jair Bolsonaro não tinha chegado nem
sequer à metade de seu discurso e meu WhatsApp, Signal e email já
estavam sendo bombardeados por mensagens de diplomatas e representantes
de entidades internacionais. Todos chocados com o que estavam ouvindo.
Mas uma das mensagens, particularmente dura, veio de um representante
que faz parte da cúpula das Nações Unidas: “Ele (Bolsonaro) acabou de
perder a última chance de ser respeitado”. Em outra mensagem, um
mediador perguntava: “Há algo mais extremo que essa visão de mundo?”
— O efeito mais dramático do discurso é que a conclusão de boa parte dos países será de que o único jeito de deter a destruição do meio ambiente no Brasil é punindo o país economicamente — Mathias Spektor, professor de Relações Internacionais da FGV-SP.
— Deixa o Brasil em uma postura quase fanática em seus posicionamentos políticos, sem espaço para diálogo, tolerância com a diferença e espaço para construções plurais – Mônica Hirst, professora de Relações Internacionais da Universidade Tuorcato di Tella, em Buenos Aires.
Na Veja, Rubens Ricupero, duas vezes embaixador nos EUA:
— Um discurso tão belicoso quanto o
de Bolsonaro é quase uma aula de antidiplomacia. Além de ter acentuado o
lado negativo ao falar do meio ambiente, ele hostilizou muita gente no
Brasil e no exterior. E atacou a própria ONU. Pensava que ele não
conseguiria agravar o seu problema de imagem, mas confirmou o que o
público externo mais temia: o fato de ser uma pessoa sem abertura
nenhuma para a diplomacia.
Vale aqui a verve de Reinaldo Azevedo: na ONU, “ouviu-se a voz de um estadista. O estadista dos bolsomínions.”
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