por Fernando Brito, Tijolaço -
O Brasil, na situação que vive, não pode ser, evidentemente, modelo para ninguém.
Não obstante, Jair Bolsonaro, do alto do prestígio que não tem, atreveu-se hoje a dar um conselho aos argentinos: que votem “com a razão e não com a emoção”.
“Eu chamo do povo argentino para que
eles terão pela frente em outubro. É uma decisão que você tem que levar
com a razão e não emoção. Como fizemos no Brasil, onde havia uma grande
responsabilidade para decidir o país de futuro”,
Desde quando o Brasil votou “com a razão e não com a emoção” nas eleições passadas. Se fosse com o raciocínio jamais teria escolhido um personagem obscuro, raivoso, intolerante como ele.
Bolsonaro elegeu-se essencialmente por uma emoção, ainda que baixa e torpe: o ódio e a crença num “Mito” que, como significa a palavra, nunca foi o que dele se dizia.
Aqui, ódio resultante de uma intensa campanha envolvendo a mídia e o Judiciário para liquidar Lula, como lá se desenvolve igual para arruinar Cristina Kirchner, que só não está presa porque elegeu-se senadora e está fora do alcance de pequenos juízes aventureiros.
Não precisa ser analista político ou filósofa melhor que minha avó para saber que é possuído pelo ódio que se fazem as maiores besteiras.
Cristina Kirchner, num ato inesperado, abriu mão de sua candidatura presidencial para somar-se, como vice, numa chapa mais ampla, embora com um candidato sem grande poder eleitoral. Alguns pontos que esta troca possa ter custado poderão ser recuperados e não foi tanto, porque mas pesquisas feitas após o terremoto político que isso causou, o custo não foi mais que três ou quatro pontos, com as projeções de segundo turno apontam um miserável 1% de vantagem para Macri, num segundo turno.
Segundo turno que está distante, porque antes haverá as primárias abertas (agosto) e a eleição de primeiro turno (27 de outubro).
Com um discurso pré-histórico que espanta o mundo civilizado (a a Argentina é parte dele) e um país em frangalhos, Bolsonaro não tem o que emprestar a Maurício Macri, às voltas com uma crise econômica como há tempos os argentinos não viviam.
Mas também não precisava dar este conselho que, no seu próprio caso, o teria levado à derrota.
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