Esquerda vence na Espanha e monta dique de contenção contra o fascismo


(Reuters) -

Com mais de 95% dos votos apurados, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), legenda do primeiro-ministro Pedro Sánchez, liderava a apuração na eleição geral na Espanha neste domingo. O partido, de centro-esquerda, aparecia com 122 cadeiras e o Podemos, de esquerda radical, com 42. Com o apoio do Podemos, a esquerda alcançaria 164 deputados, precisando do apoio dos nacionalistas para chegar às 176 cadeiras necessárias para formar maioria.

Já o Partido Popular, de direita, encolheu muito em relação à última eleição, caindo de 137 cadeiras para 65, no que pode se tornar o seu pior resultado nas parlamentares. O PP é seguido do Cidadãos, de centro-direita, com 57; e o Vox, de extrema direita, com 24. Em caso de aliança, chegariam a apenas 146. Com esse resultado, mesmo abaixo do antecipado pelas pesquisas, o Vox torna-se a primeira legenda de extrema direita a conseguir tal representação no Parlamento desde a redemocratização do país.

A participação nas eleições foi de 75,35%, quase nove pontos percentuais a mais do em 2016 — uma das maiores em décadas, e o resultado das urnas deve trazer meses de negociações para a formação de um novo governo no país.

Espanha-28-4 Uma pesquisa divulgada pela rede TVE projetava que partidos regionais catalães, bascos, cantábricos, navarreses e valencianos teriam, somados, 37 cadeiras, e devem tomar parte em futuras negociações com o PSOE para a formação do governo.

Essa foi a terceira eleição nacional em quatro anos, depois que as duas primeiros corroeram o domínio de décadas dos dois maiores partidos, os socialistas e o conservador Partido Popular. A dificuldade de reunir uma coalizão de governo em uma paisagem política tão fraturada significa que é possível que a Espanha se veja obrigada a repetir a realização de uma eleição geral muito em breve.

"Não acho que seja um problema ter opções diferentes, isso é sempre construtivo. Desde que sejam capazes de descobrir como trabalhar juntos depois das eleições: essa é a grande questão agora", disse Javier Deval, um empresário de 60 anos de idade, depois de votar no centro de Madri.

Uma votação fragmentada, seguida de longas negociações para formar um governo, está se tornando um tema recorrente na política europeia, à medida que os eleitores rejeitam os partidos tradicionais em favor de novos grupos, muitas vezes nos extremos do espectro político.

Na Espanha, temas como a imigração em massa ou o euroceticismo, que dominaram o discurso político em outros lugares, foram eclipsadas pela questão da unidade nacional e pela ameaça representada pelo movimento de independência na região nordeste da Catalunha. A campanha do Vox foi marcada por uma referência apaixonada à História, aos costumes e à sobrevivência da Espanha como nação. Pesquisas chegaram a indicar que o partido poderia ganhar até 38 dos 350 assentos no Parlamento espanhol.

"A Catalunha tem sido o ponto focal da campanha e foi o que me fez votar no Vox", disse Alfonso Gomez, desempregado de 57 anos, depois de votar. "É o partido que mais claramente luta contra a independência catalã".

Em um sinal de como os partidos catalães serão fundamentais nas negociações para formar um novo governo, a pesquisa sugeriu que, para permanecer no poder, Sánchez teria que formar uma aliança com pelo menos um partido separatista da Catalunha.

Nas últimas duas eleições, tanto as pesquisas de opinião do começo da noite quanto os dados iniciais preliminares não deram uma imagem precisa do resultado final.

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