“Libras com partido”?


por Fernando Brito, Tijolaço -

Não sei se é mais escandaloso ou se é principalmente uma ilustração triste do que vivemos esta história da retirada “do ar” de uma série de programas da programação da TV Ines, iniciativa estatal de levar conteúdo de qualidade às pessoas com deficiência auditiva, justo num governo que se iniciou com um discurso em Linguagem Brasileira de Sinais da mulher do presidente Jair Bolsonaro.

Suprimir vídeos sobre personagens tão díspares quanto Karl Marx e Friedrich Nietzche, Antonio Gramsci e  Jean Jacques Rousseau, entre outros que integram a “lista” apurada pela Folha de S. Paulo – que havia sido revelada por Ancelmo Gois, em O Globo – é algo tão insano que, justiça seja feita, não parece ter sido uma prioridade para o ministro olavista da Educação. Mais provavelmente é obra da matilha de segundo e terceiro escalões, ansiosa por “mostrar serviço”.

Como em todo processo autoritário, o guarda da esquina é mais perigoso que os grandes manda-chuvas.

Grave é a nota do Ministério da Educação, ontem, saída diretamente do quintal do Sr. Ricardo Vélez, que leva para o MEC o vociferar babugento do fascismo, ao partir para, em lugar de consertar e punir os arreganhos de quem praticou censura ideológica em Libras, acusar o jornalista de manipular e mentir por revelar o que aconteceu por ter  sido”treinado em marxismo e leninismo na Escola de Formação de Jovens Quadros do Partido Comunista soviético” e, por isso,  adota “métodos de manipulação da informação, desaparecimento de pessoas e de objetos, que eram próprios de organizações como a KGB”.

É sinal que o MEC passou a funcionar como extensão do grupo de fascistas que tem nos três filhos do presidente a sua mais grotesca e poderosa expressão, onde rótulos supostamente ideológico substituem fatos e argumentos.

E onde fazem aquilo que acusam outros de fazerem: a “escola com partido”, o partido da estupidez.

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