Luis Nassif, GGN
"Ao longo de minha vida, desde a
adolescência, pude frequentar diversos ambientes: o do ativismo
estudantil, o ambiente musical, o esportivo (em meus tempos da seleção
de tênis de mesa da Caldense), o militar (no Tiro de Guerra), o
jornalístico, o empresarial.
Os ambientes de maior camaradagem e
menor preconceito sempre foram o esportivo, o militar e o musical. O
esportivo ainda conseguiu a disciplina e o corporativismo do militar com
a informalidade do musical.
O vídeo incriminador é claro. No começo
brincadeiras com a cor do amigo. O amigo não gosta. Na sequência, os
três gozadores pulam na cama do amigo, cobrindo-o de carinho para
tirar-lhe a má impressão.
Aí o show encontra o grande tema para
mostrar como é politicamente correto, o bode expiatório, tema que,
permitindo à imprensa o exercício do linchamento, purga todos os seus
pecados habituais, de prática recorrente do assassinato de reputação.
Tudo dentro das boas normas, porque é permitido linchar o suposto
linchador.
Sob o título "Setores da sociedade condenam injúrias raciais ao colega negro Ângelo Assumpção" o jornal comanda o linchamento.
"Aparentemente inofensivo, um vídeo com
conversas entre atletas da seleção brasileira masculina de ginástica
olímpica que estão treinando em Portugal, visando aos Jogos
Pan-Americanos, expôs ao país uma faceta nada agradável do esporte
brasileiro: as injúrias raciais".
E aí levanta a bola para o exibicionismo amplo dos que gostam de exercitar o politicamente correto em temas irrelevantes.
Os quatro atletas - os três mais Ângelo -
aparecem em vídeo explicando que era uma brincadeira entre amigos. Mas
como Ângelo - a suposta vítima - ousa sair do papel de vítima apenas
para atrapalhar a indignação dos homens de bem?
O Globo, do grupo que endossa as
arbitrariedades do mais insidioso representante do retrocesso moral no
país - Eduardo Cunha - levanta a bola para o secretário-executivo da
Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência,
Giovanni Harvey, cortar e desmentir a suposta vítima: não houve
brincadeira, mas racismo.
"— No vídeo de desculpas, Ângelo está
constrangido. Não contentes em discriminar Ângelo, postam isso —
declarou. — Aguardo a manifestação da Confederação Brasileira de
Ginástica (CBG), cujo código disciplinar, no Artigo 89, estabelece
punições de advertência a desfiliação. Aguardo um pronunciamento do
Comitê Olímpico do Brasil (COB), cujo superintendente Marcus Vinícius
Freire afirmou em janeiro que racismo tem de ser punido igual ao
doping".
Hipócritas, todos vocês.
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