O Brasil,
neste décimo quarto ano do milênio, contará com dois grandes marcos desse tipo:
a Copa do Mundo e as eleições de 2014.
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Eles
contribuirão para chamar ainda mais a atenção da população mundial para um país
que já é importante, por si só, globalmente. Com todos os nossos problemas, e o
complexo de vira-lata de amplos setores da sociedade brasileira, somos o quinto
maior país em território e população, o segundo maior exportador de alimentos,
a sétima economia e o terceiro maior credor individual externo dos Estados
Unidos.
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Tudo isso
obriga não apenas a que o Brasil não possa ser ignorado, mas faz, também, com
que nosso país seja cobiçado, e esteja sendo ferrenhamente disputado, nos mais
variados aspectos da economia e da geopolítica, pelos principais blocos, nações
e empresas do mundo.
O
crescimento da dimensão política e econômica da
Nação, nestes primeiros anos do século XXI, transformou o Brasil na bola
da vez de uma permanente batalha, entre espoliação e independência, o modelo
que prevaleceu nos últimos 200 anos - e outras visões de mundo, voltadas para a
busca de caminhos alternativos para a construção do desenvolvimento econômico e
social da humanidade.
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As antigas
potências coloniais e neocoloniais, que lutam para manter nosso país, ou amplos
setores dele, sob sua influência, sabem que esse embate se dará, na economia,
na política, na comunicação, e tem plena consciência do que esta em jogo, no
Brasil, neste ano.
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Na
economia, e de se esperar, que elas reforcem, nos próximos meses - sempre com a
dedicada ajuda da grande mídia - o discurso de esvaziamento da importância
econômica do Mercosul; de valorização de mitos neoliberais como o da Aliança do
Pacífico; de fragilidade dos fundamentos de nossa macro economia; da existência
de um suposto protecionismo brasileiro, teoricamente responsável pela
diminuição de nosso percentual de participação no comércio mundial - para o
qual só haveria um remédio - estabelecer rapidamente acordos de livre comércio
com os países mais ricos.
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Essa é a
estratégia que deverá ser aprofundada nos próximos meses. Pressionar o país
permanentemente, apresentando cada eventual percalço como fruto de um suposto
afastamento, no sentido econômico e político, do Brasil com relação aos países
“ocidentais”.
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Assim,
enquanto a mídia - nacional e internacional – distrai determinadas parcelas da
opinião publica, com alertas sobre a Argentina, Nicolás Maduro e a
“bolivarianização” do Brasil e do Mercosul, os EUA e a Europa aproveitam para
avançar sobre nosso mercado interno, aumentando, como fizeram em 2013, seus
superávits em 50% e 1.000%, respectivamente, para 11,4 e 5,4 bilhões de
dólares.
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As
potencias ocidentais e aos seus prepostos não interessa divulgar que elas
diminuíram quase que na mesma proporção suas importações de produtos
brasileiros no ano passado.
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Como não é
conveniente ressaltar, também, o fato de que, no comércio com países
“bolivarianos”, como a Venezuela e a Argentina, tivemos um superávit somado de
mais de 10 bilhões de dólares em 2013, sem o qual teríamos tido um enorme
deficit balança comercial.
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O mesmo
esforço, de distorção e manipulação, continuará ocorrendo, neste ano, com a
“glamourização”, da Aliança do Pacífico, pseudo organização fomentada pelo
México com a ajuda dos EUA e a Espanha, como a última limonada do deserto em
termos de associação comercial. A situação real da AP é tão boa, que seu maior
expoente - justamente o país de Zapata – teve um crescimento de 1,2% no ano
passado, menos da metade dos 2,5% estimados, no mesmo período, para o Brasil.
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Obedecendo
á mesma estrategia, os meios de comunicação europeus e norte-americanos -
secundados pela mídia conservadora brasileira e latino-americana - subirão o
tom de sua campanha contra os BRICS, aproveitando momento em que o Brasil ocupa a Presidência de turno, e
organiza, como anfitrião, a Cúpula Presidencial que reunirá os lideres do
Brasil, Índia, China e Africa do Sul, em
Brasilia, em junho deste ano.
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Naturalmente,
como ocorre com o nosso comércio com países como a Venezuela, a grande mídia
devera ocultar ou relativizar a informação de que, nos últimos 12 meses,
além do Mercosul, foi também para a
China, e não para os países ocidentais, que aumentamos fortemente nossas
exportações, em 10,4%, e nosso superávit, para quase 9 bilhões de dólares.
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Considerando-se
o que estão ganhando por aqui, e natural que aumentem, também neste ano, as
pressões favoráveis a uma rápida assinatura de um Acordo Comercial entre o
Brasil – com ou sem Mercosul – e a União Européia, o que abriria as portas para
futuro entendimento desse tipo com os próprios EUA.
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Essa é uma
hipótese que o Brasil terá que analisar sem pressa e com todo o cuidado.
Somadas as remessas de lucro, estimadas em 24 bilhões de dólares em 2013, e o
déficit de 26 bilhões no comércio exterior, apenas com a Europa e os EUA, já
estamos contribuindo - sem ter assinado ainda esse acordo de livre comércio -
com uma sangria de meia centenas de bilhões de dólares por ano para ajudar as
potências ocidentais a enfrentar a crise em que se encontram.
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Se
compararmos esses 50 bilhões de dólares, com um ganho quase equivalente obtido
pelo Brasil no comércio com países
emergentes - principalmente América
Latina, Caribe, BRICS e Mercosul - fica fácil perceber quem está nos
espoliando, e com que tipo de parceiros é interessante nos associarmos,
prioritariamente, no futuro.
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Como está
ficando difícil, para quem não abdica de continuar explorando, do jeito que
puder, nossos recursos e mercado, colocar no poder governos direta e
assumidamente alinhados com seus interesses, o objetivo, em 2014, continuará
sendo sabotar institucionalmente o Brasil, mesmo que ele esteja gerando
extraordinários ganhos.
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A
estratégia, nesse caso, passa não apenas pelo desmantelamento da imagem da
nação do ponto de vista econômico, mas também pela promoção do caos, para
dificultar a governabilidade, e colocar em questão, dentro e fora de território
brasileiro, nossa capacidade de gestão e de realização. È essa linha de ação
que alimenta a tese de que não estamos preparados para organizar grande
eventos, como a Copa e as Olimpíadas, mesmo que, para fazer a omelete,
quebrem-se alguns ovos, prejudicando também a imagem e a situação
politico-administrativa de estados e municípios governados pela oposição, que
estão envolvidos com a Copa do Mundo.
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Não será
de estranhar, portanto, se houver, nos próximos meses, infiltração,
aproveitamento ou criação de novos “movimentos”, nos moldes dos rolézinhos, passíveis de se espraiar
para as ruas, e eventuais ações voltadas para a intimidação do público
turístico que nos visitará este ano, como a sabotagem dos sistemas de
transporte e de hospedagem, o cerco a estádios, incêndios e fechamentos de
ruas, etc.
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A tudo
isso, se soma a percepção, pelo cidadão comum, da ausência de um debate politico
de melhor nível, que possa levar a discussão de propostas para a formatação de
um novo projeto nacional.
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Ate que
ponto isso poderá influenciar a posição do eleitorado nas eleições de novembro?
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O governo
tem realizado avanços, mas, decide, cada vez, mais, sob pressão das
circunstancias, dos meios de comunicação, do Congresso, da aproximação das
eleições e de uma base aliada fragmentada, cada vez mais preocupada com seus
próprios interesses do que com a situação do pais.
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E a
criminalização da politica - tema preferencial da grande mídia - ajuda a distorcer ainda mais esse quadro, aos
olhos do eleitor, nivelando todos os homens públicos por baixo e facilitando o
trabalho de uma minoria radical, cada vez mais atuante, que odeia a democracia
e sonha com a volta da ditadura e a derrocada do Estado de Direito."
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