Um dos principais assuntos da semana, foi a realização de uma reunião da Presidente Dilma, para analisar o asilo a Edward Snowden, em troca de informações sobre as atividades de espionagem da NSA contra cidadãos e autoridades brasileiras.
O assunto surgiu a partir de uma “carta aberta” de Snowden ao
povo brasileiro, publicada na “Folha de
São Paulo”, e do lançamento de uma campanha em defesa do asilo a ele, com a
coleta de assinaturas e o uso de máscaras que reproduzem sua face.
O texto renovou as denúncias a propósito dos riscos que
corremos – nós e pessoas de outras nacionalidades - de termos nossas
comunicações interceptadas, todos os dias, e de sermos até mesmo chantageados
pelos EUA, por nossas atividades na internet.
Ela foi, também, uma mensagem de gratidão ao governo brasileiro, pela atenção dada às
denúncias de pelo empenho demonstrado, nas Nações Unidas, para atuar com
firmeza em defesa da privacidade como um direito fundamental de todo ser humano.
O que mais chamou a atenção, no
entanto, foi a parte em que Snowden afirmava, com relação às investigações que
estão sendo realizadas pelo governo brasileiro:
“Expressei minha disposição
de auxiliar quando isso for apropriado e legal, mas, infelizmente, o governo
dos EUA vem trabalhando arduamente para limitar minha capacidade de fazê-lo,
chegando ao ponto de obrigar o avião presidencial de Evo Morales a pousar para
me impedir de viajar à América Latina. Até que um país conceda asilo político
permanente, o governo dos EUA vai continuar a interferir com minha capacidade
de falar.”
Esse trecho foi
interpretado como uma espécie de barganha, por meio da qual Snowden estaria
oferecendo sua colaboração e informações, em troca de eventual concessão de
asilo, pelo governo brasileiro.
Hipótese que foi
rapidamente desmentida pelo jornalista Gleen Greenwald, espécie de porta-voz
oficioso de Snowden, que afirmou, que, na verdade, ele estaria apenas
explicando sua impossibilidade de vir ao Brasil pessoalmente, devido à
implacável perseguição que lhe é movida pelo governo norte-americano.
Ao tratar o assunto
como uma questão de Estado, o Brasil poderia
estar superestimando o fato e caindo em uma armadilha diplomática e
institucional. O asilo a Snowden, só se justifica por razões humanitárias, caso
estivesse correndo risco de vida, na Rússia, onde está agora, o que não é o
caso. Aceitá-lo, em troca de
informações, equivaleria moralmente a equiparar-nos aos EUA, fazendo o que eles
fizeram conosco, que foi meter o bedelho em nossos assuntos internos.
A mensagem mais
importante da carta de Snowden está no final, quando ele declara:
“Se o Brasil ouvir apenas uma coisa de
mim, que seja o seguinte: quando todos nos unirmos contra as injustiças e em
defesa da privacidade e dos direitos humanos básicos, poderemos nos defender
até dos mais poderosos dos sistemas.”
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