Eduardo Guimarães, Blog da Cidadania
“Um caso doloroso envolveu a atriz Zezé
Polessa e motorista da Globo que a levava de casa à gravação da novela Salve
Jorge e errou o caminho, fazendo-a se atrasar para evidente compromisso
importante, desencadeando bronca veemente da atriz. O motorista acabou
falecendo de ataque do coração por, supostamente, ter ficado nervoso com a
reprimenda.
De um lado, há acusações de arrogância da
atriz que são justificáveis porque pessoas dos estratos mais abastados costumam
agir assim com subalternos. De outro lado, dizem que tentam “linchá-la” por
reação igualmente justificável de se irritar com um motorista que, pago para
conhecer caminhos, a levou a lugar errado, o que por certo lhe causou danos.
Que atire a primeira pedra quem nunca se
irritou com um motorista de táxi, por exemplo, que errou o caminho e lhe causou
atraso que, muitas vezes, pode ser muito prejudicial. Contudo, quantas vezes já
não vimos um subalterno sendo humilhado enquanto se apavora e se submete à
humilhação com medo de ser demitido?
Uma procuradora do Ministério Público
decidiu abrir investigação contra a atriz, pois é muito provável que sua
atitude destemperada diante da falha do serviçal possa ter desencadeado o
ataque do coração que ele sofreu, o que seria agravado caso Polessa soubesse
dos problemas de saúde do homem – o que parece pouco provável.
Discordo de opinião que está surgindo de
que a conduta da procuradora é, apenas, vontade de aparecer. Uma vida humana
foi perdida e, ainda por cima, durante o desempenho de função empregatícia da
vítima. Ora, quem tem poder nesse tipo de relação, em uma situação como essa
deve, no mínimo, dar explicações, as quais devem, sim, ser investigadas.
Por outro lado, penso que daí a partirmos
para condenar primeiro a atriz e investigarmos depois o que foi que aconteceu,
vai uma distância imensa. Uma das pragas que se abatem sobre este país é
justamente essa, de atirarmos primeiro e perguntarmos depois.
Por fim, esse caso terrível deve servir de
lição a todos nós que nos valemos da prestação de serviços de outras pessoas. Reclamar
de erros que possam cometer e que nos causam danos é legítimo. Contudo, a vida
que se leva nos dias de hoje não pode nos levar a transformar uma reclamação em
uma sessão de humilhação daquele que errou.
Em vez de lincharmos alguém que pode, sim,
ter errado – e feio –, talvez seja melhor tirarmos uma lição de vida desse
caso, buscando sempre nos lembrarmos de que uma pessoa que nos presta serviço
não pode ser tratada como escrava, até porque nunca se sabe que dramas pessoais
podem levá-la a errar no desempenho de suas funções empregatícias.”
Comentários
Incapaz de compreender todo o texto.
Oh ameba "alfabetizada..., volta pra escola.
O texto ficou ótimo e está de parabéns. Pois concordo em gênero e grau.
O sistema de transporte utilizado pela Globo Telecomunicações S/A. é apenas mais um dos tantos engôdos dos quais ela lança mão para burlar pagamentos de impostos.
Não são taxistas, menos ainda motoristas da empresa, o que existe lá na verdade é um "esquema" de terceirização, onde uma "empresa" oferece serviço de transporte. Se é tão bacana assim, então porque eu chamo de esquema? Simples, pois de empresa só existe o CNPJ, que por norma está em nome de algum laranja, essa empresa nem sequer possui frota, apenas agrega carros / motoristas, sendo esses sem qualquer critério avaliatório, ter o carro e conhecer alguém no esquema já te garante a vaga.
E porque isso teria alguma coisa haver com o episódio fatídico?
Bem, culpar a atriz pela morte eu acho errado, mas com certeza pela CLT cabe assédio moral, o que devido a maneira que o serviço era prestado daria bastante trabalho ao falecido a tentativa de provar.
Quanto ao homem ter errado o caminho não vale a pena nem comentar, pois já levei quase 2 horas do Projac até São Conrado, um trecho que normalmente se faz em 25 minutos, ou seja, talvez o que a atriz considerou um erro pode ter sido uma tentativa de escapar do transito habitual entre o estúdio / Barra e Zona Sul.
E a podridão é tanta que esta semana o caso foi arquivado, sem qualquer manifestação de familiares ou órgãos governamentais. Ou seja, provavelmente uma forte influência da Globo, para que esse assunto não siga muito longe e acabe chamando atenção para muitas outras coisas.
Lamento, mas a única lição que consigo ver nisso tudo é que se queremos algo certo então façamos tudo certo. Infelizmente por necessidade, ingenuidade ou mesmo ganância, alguns escolhem trabalhar à margem da lei, e quando precisam dela acabam percebendo que a deixaram para trás.