“Ele passa pela economia e a batalha do
setor elétrico é o pretexto para condenar a suposta "mão pesada do
Estado"; de acordo com essa retórica, as boas intenções de Dilma, como o
desejo de reduzir a conta de luz, atropelariam leis de mercado e não seriam suficientes
para garantir o crescimento; oponente Aécio Neves levanta argumentos para
apontar caos na infraestrutura
O
caso Rosemary, crise já debelada na raiz pelo Palácio do Planalto, é café
pequeno na preparação para a disputa presidencial de 2014. O discurso que
começa a ser construído pela oposição ao governo Dilma passa pela economia e
pretende apontar uma suposta mão pesada do Estado. Em outras palavras, excesso
de intervencionismo na economia, que estaria prejudicando empresas públicas e privadas.
Na
última quarta-feira, antes de abrir o Jornal da Globo, o âncora William Waack
leu um editorial cantando a pedra. Disse o seguinte:
“Boa noite. A gente já
volta a falar de futebol lá da Argentina. Por enquanto, vamos à economia: as
ações de uma das maiores empresas brasileiras, a Eletrobras, elas estão
afundando na Bolsa. As ações de outra gigante, a Petrobras, também sofreram nos
últimos tempos. E as causas da perda de valor são políticas. É aquilo que os
economistas chamam de excessiva intervenção do Estado nas empresas. No caso da
Petrobras, obrigando a gigante a segurar o preço da gasolina e no caso da
Eletrobrás obrigando-a a aceitar tarifas de energia mais baixas. Por enquanto
os acionistas pagam o preço. Mais tarde o resto do país pagará também”.
Neste
fim de semana, a revista Veja deu andamento ao discurso, na reportagem "Um
jogo de risco elevado", com o subtítulo "Movido pela boa intenção de
incentivar o crescimento, o governo se mete demais na economia e dilapida o
patrimônio das estatais". O texto aponta prejuízos à Eletrobras, à
Petrobras e ao BNDES, repetindo a argumentação de William Waack.
Curiosamente,
tanto a Globo como a Abril, grupos que apoiaram com ênfase o processo de
privatização, hoje defendem o patrimônio de empresas estatais para combater o
suposto intervencionismo de Dilma. E a tese que se tenta construir é de que a
presidente, embora bem intencionada, estaria atropelando regras da economia de
mercado.
Este
discurso está alinhado com a estratégia eleitoral do senador Aécio Neves, que
vem sendo orientado também pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ambos
pretendem defender a legitimidade das privatizações, ao contrário do que
Geraldo Alckmin e José Serra fizeram nas últimas eleições. Aécio já pediu
até a seus assessores que levantem dados sobre a lentidão da melhoria na
infraestrutura brasileira.
Na
revista Exame, outra publicação da Editora Abril, o mesmo discurso também
reverbera. "A bolha imobiliária americana nasceu de uma boa intenção – dar
casa própria a mais gente". Ao lado, uma foto de Dilma e outra de uma
agência da Caixa Econômica Federal. Por essa lógica, reduzir os juros, lutar
para diminuir a conta de luz e segurar os preços da Petrobras seriam medidas
intervencionistas que, lá na frente, cobrariam seu preço.
No
entanto, construir um discurso contra Dilma pela economia não será tão simples
assim. Em outubro, a taxa de desemprego apontada pelo IBGE foi a menor dos
últimos dez anos. O volume de Investimentos Estrangeiros Diretos é recorde e o
crescimento, embora tenha sido pífio nos dois primeiros anos, já dá sinais de
melhora. A taxa atual, projetada para 12 meses, garantiria uma expansão próxima
a 4%. Além disso, a inflação, ao contrário da cenário alardeado por muitos
críticos, não disparou e continua rodando dentro da margem de tolerância da
meta de 4,5% ao ano.
Independentemente
disso, já começa a ficar claro que, depois de duas derrotas com discurso
centrado apenas na questão ética, a oposição começa a se armar com outros
argumentos. O que é saudável.”
Comentários
"Jenial" (créditos para o Nosferatu da Moóca)!
O Waaca Global, aquele informante do Pentágono ou do Dept.de Estado, cfe. a Wikileaks, sugere por acaso que devamos começar a pagar mais PARA OS ACIONISTAS? Isto é, o país para o Waaca e outros amestrados "globais" na verdade são os acionistas e os rentistas. E o restante da sociedade, os 99% como dizem por aí, que se f...!
O discurso chinfrim do moleque começa descaradamente apontando prejuízos para os capitalistas (ou parasitas) e depois tenta fazer uma média inserindo a "sociedade" no meio. Só se for a societá do Waterfalls com a Veja, os tucanos e os togados do Poder Judiciário.