“Depois de prometer gravar mensagem para
ajudar o candidato tucano na eleição na capital paulista, ex-presidente admite
cansaço do eleitor com o ciclo de poder do PSDB em São Paulo e fala em
“fadiga de material”; isso é apoio?
A relação entre Fernando Henrique Cardoso e
José Serra sempre foi esquizofrênica. Uma amizade, no mínimo, estranha. Nos
oito anos em que presidiu o Brasil, FHC jamais entregou a Serra o comando da
economia – ao contrário, delegou a gestão macroeconômica a economistas que
viam, em Serra, um adversário. Quando Serra se impôs como candidato tucano em 2002, a história que corre
nos meios políticos dá conta de que o ex-presidente, no íntimo, torceu por
Lula, para que a entrega da faixa a um operário (que poderia ser breve na
presidência) abrilhantasse sua biografia.
Pois FHC e Serra estão novamente juntos. O
ex-presidente prometeu gravar mensagens em apoio ao candidato tucano, que caiu
de 31% a 21% no Datafolha, em duas pesquisas, e corre o risco de ficar fora do
segundo turno. Nesse cenário crítico, o que FHC tem a dizer aos eleitores? Que
há uma “fadiga de material” no cenário político paulista e que há ainda um
“cansaço do eleitorado com a predominância do PSDB por muito tempo” (leia mais aqui).
Os tucanos estão há 18 anos no Palácio dos Bandeirantes, desde a eleição de
Mario Covas, e há oito dominam a prefeitura, com a gestão Serra-Kassab.
Ao diagnosticar o cansaço do eleitor, FHC
talvez tenha vislumbrado o fim de um ciclo, que começaria já agora com a queda
de uma cidadela, a prefeitura, e se completaria em 2012, com a perda do Palácio
dos Bandeirantes. Se isso é apoio, trata-se daquela ajuda bem ao estilo FHC –
que contribui mais para a derrota do que para uma eventual arrancada de Serra
nas pesquisas. No fundo, FHC entrou na campanha de Serra mais como coveiro do
que como cabo eleitoral.”
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