A epopeia de nossas depravações numa ilha deserta

Marcelo Franco, Revista Bula


"A Publifolha lançou em 2003 um pequeno livro, “Ilha Deserta: Livros”, no qual sete escritores — Bernardo Ajzenberg, Carlos Heitor Cony, Contardo Calligaris, Manuel da Costa Pinto, Maria Rita Kehl, Moacyr Scliar, Nina Horta e Nuno Ramos — escolhem e comentam os dez livros que levariam para uma ilha deserta. E houve também um livro sobre discos (“Ilha Deserta: Discos”) e outro sobre filmes (“Ilha Deserta: Filmes”, é claro). O livrinho, de leitura rápida e saborosa, me fez imaginar quais livros eu levaria a uma ilha — e também me torturou: como levar apenas dez?

Pensar em livros que sejam indispensáveis numa ilha deserta é pensar em listas, e há sempre quem reclame da ideia de fazer listas de “melhores”. São uns chatos: a leitura de qualquer lista é uma das grandes diversões de um adulto, figurando entre assistir a desenhos animados e jogar “War” numa lista — mais uma — de melhores atividades. E ninguém, quando convidado a fazer a sua listinha, se furta à tarefa. Dou um exemplo: o livro “The Top Ten: Writers Pick Their Favorite Books” é uma grande coletânea de listas de melhores livros feitas por dezenas de escritores. Estão no livro alguns craques: Paul Auster, John Banville, Julian Barnes, Michael Connelly, Paula Fox, Jonathan Franzen, Norman Mailer, Joyce Carol Oates, Francine Prose, James Salter, Tom Wolfe. (Uma curiosidade: A.L. Kennedy colocou “Sargento Getúlio” em nono lugar e Michael Griffith listou “Dom Casmurro” em sétimo.)

Há mais, muito mais. Heloísa Seixas, em “O Prazer de Ler”, faz também a sua lista de livros que levaria para o nosso lugar-comum, a ilha deserta. No ótimo “O Frenesi Polissilábico”, Nick Hornby faz análises mensais de livros comprados e livros lidos; já em “10 Livros que Abalaram meu Mundo”, vários autores listam os livros seminais de suas vidas. Olhando de relance para minhas mesas e estantes, vejo ainda “1001 Books You Must Read Before You Die”, “501 Grandes Escritores”, “501 Must-Read Books”. Nada de novo sob o sol, portanto.”
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