Leonardo Sakamoto, Blog do Sakamoto
“De tempos em tempos, sai alguma nova
pesquisa apontando que negros ganham menos que brancos no Brasil. Quando toco
nesse assunto no blog, sempre aparece um gênio que diz algo como “Meu Deus,
você não entende nada de política corporativa! Ou acha que seria permitido em
uma grande empresa uma pessoa branca ganhar mais que uma negra pela mesma
função?”.
O comentário demonstra uma certa
incapacidade do leitor de extrapolar o pensamento para além do visível (como
uma pessoa que cita o sobrenatural não consegue trabalhar com abstrações? Curioso…)
e imaginar que estamos falando de uma média da sociedade.
Somos bombardeados com o mito da democracia
racial brasileira, construído para servir a propósitos. Mito que se prova
verdadeiro em novelas, minisséries ou alguns programas de TV, normalmente
concebidos por brancos, mas que na vida real são tão concretos quanto a
curupira, o boto e a mulher de branco.
“Ah, mas o preconceito no Brasil é contra
pobre, não contra negro!” A despeito do fato de haver, proporcionalmente, mais
negros entre os pobres do que brancos, por conta de uma herança maldita deixada
por uma abolição que nunca ocorreu totalmente, a discriminação pelos
não-brancos vive saudável por aqui.
Nesta sexta (29), o IBGE divulgou dados
demográficos do Censo 2010, mostrando que brancos recebem salários mais altos e
têm mais acesso ao estudo do que negros, divididos pelo estudo em pretos e
pardos, conforme matéria trazida pelo UOL Notícias. Na região Sudeste,
os rendimentos dos brancos é o dobro do que é pago aos pretos. Há mais empregadores
entre os brancos (3%) do que entre pretos (0,6%) e pardos (0,9%). Por fim, do
total da população, 9,6% são analfabetos. Já, entre os brancos, 5,9%. E entre
pardos e pretos, 13% e 14,4% respectivamente. Vale ressaltar que, de acordo com
o Censo 2010, os brancos totalizam 47,7% da população, enquanto pretos e pardos
correspondem a 50,7%.”
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