Rousbeh Legatis, IPS / Envolverde
Às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que acontecerá no Rio de Janeiro em junho, 19 agências da Organização das Nações Unidas (ONU) colaboraram em um informe sobre os progressos e os desafios da região nas duas últimas décadas. Bárcena falou à IPS sobre as vias para avançar no desenvolvimento sustentável, sobre a histórica oportunidade que representa a cúpula no Rio de Janeiro para revisar as estruturas de governo globais e sobre o papel do Sul na luta contra os problemas de um futuro comum.
IPS: Quais as principais ameaças que a América Latina e o Caribe enfrentam?
Alicia Bárcena: Um dos sinais de alerta para nossa população é que as taxas de fertilidade estão caindo, em geral. Contudo, a maioria dos novos nascimentos se dá por gravidez de jovens. As mulheres jovens pobres são as que mais têm filhos. Isto é crucial, porque se nossa região não investir nas primeiras idades, de zero a cinco anos, o futuro desta região estará nas mãos da pobreza. Também analisamos onde estão as áreas da América Latina mais vulneráveis à mudança climática, de acordo com seu impacto esperado para 2050. Por exemplo, consideramos eventos extremos e manifestações como a elevação do nível do mar ou desastres naturais, como os furacões. As áreas mais afetadas serão América Central, do lado do Atlântico, México, na bacia do Caribe, algumas áreas de Equador, Peru e Colômbia, do lado do Pacífico, e a região do porto de Montevidéu, no Uruguai. É verdade que no plano social melhoramos as taxas de pobreza, mas o desemprego continua sendo um tema muito importante na América Latina e no Caribe. A taxa de 6,6% é baixa comparada com Europa ou Estados Unidos. O problema é a qualidade do emprego: em geral, é informal e sem seguridade social. Tão importante quanto reduzir a pobreza é reduzir a desigualdade.
IPS: Se considerarmos os fundamentos das economias da região, a exploração e exportação de matérias-primas e recursos naturais, como, neste cenário, a economia verde poderá obter algum impacto?
AB: A abundância de recursos naturais deve ser vista como uma benção. A
maldição é não ter políticas para manejá-la. O que se necessita é investir a
renda gerada pela extração desses recursos naturais em outras áreas, para
construir outras formas de capital e de produtividade para as futuras gerações.
E isto deve ser feito com o menor impacto possível no meio ambiente. E a renda
deve ser distribuída de forma adequada. Precisamos de mecanismos que garantam
isso. Portanto, estamos discutindo a governança dos recursos naturais. É o que
fizeram países como Noruega, Finlândia, Austrália e Nova Zelândia, que têm
abundância de recursos naturais e levaram adiante uma transição para uma
sociedade mais voltada para a tecnologia, e o conseguiram graças à renda gerada
pelos recursos naturais.”
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