Jornal de ontem

"O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, procurou encrenca e disse que um governo tucano acabaria com o PAC. Seguiu-se um tiroteio com petistas defensores da pré-candidata Dilma Rousseff

Vitor Hugo Soares, Terra Magazine

Sempre impliquei com o início da letra do samba canção "Jornal de Ontem", clássico da música romântica composto por Romeu Gentil e Elisário Teixeira, consagrado na voz do cantor das multidões, Orlando Silva, com regravação mais moderna da baiana Gal Costa. A birra vem do tempo de estudante de jornalismo na UFBA, nas aulas de interpretação de textos.

Posto em meditação por dois assuntos destacados e barulhentos nas edições dos diários e revistas - o programa de direitos humanos do governo federal e o feroz conflito PSDB x PT, decorrente da entrevista do presidente nacional dos tucanos, senador Sergio Guerra, na revista Veja - flagrei-me outra vez às voltas com os versos do começo da canção imortal: "Para mim, você é jornal de ontem/ Já li, já reli, não serve mais"

Nestes dias bélicos da política nacional recorri algumas vezes aos serviços do You Tube. Reli com mais atenção - e isenção - a letra completa, saboreando o prazer sempre renovado de escutar a melodia na voz incomparável de Orlando. Percebi, finalmente, a justeza de sentido dos versos dos autores em seu conjunto, e a cegueira que desprezava o todo de uma das mais completas e tocantes composições já escritas e cantadas.

Neste caso, o único conforto foi verificar que aparentemente não estou só quanto ao gosto pela leitura e a valorização do dito e escrito em folhas lidas e relidas. Afinal, é isso que forma a memória, "sem a qual o homem não é nada", como afirma Buñuel no livro de recordações "Meu último suspiro".

Na edição de domingo (17), o Ombudsman da Folha de S. Paulo, Carlos Eduardo Lins da Silva, por exemplo, vai direto ao ponto, sem os rodopios deste articulista. Lembra que em 21 de dezembro do ano passado, em Brasília, foi lançado em cerimônia pública o programa de direitos humanos do governo federal, o terceiro da história e o primeiro da administração de Lula.

Sempre atento, o jornalista revela: no dia seguinte, o evento mereceu na Folha um registro de irrisório desprezo: um texto-legenda na capa e duas colunas de alto a baixo em página par (menos valiosa de acordo com os signos jornalísticos ensinados nas aulas de comunicação impressa). "O programa só foi citado para explicar por que a reunião havia ocorrido", assinala.”
Foto: Roosewelt Pinheiro, ABr
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Comentários

Enoque disse…
Anão...baca