Karine Melo, Agência Brasil
“Com o espaço cibernético, todos os tipos
de informações passaram a ser acessadas e compartilhadas em tempo real e em
alta velocidade. Por um lado, a rede proporcionou avanços inestimáveis, mas no
âmbito criminal, o advento da internet trouxe problemas. Desvios de dinheiro
emsites de bancos, interrupção de serviços, invasão de e-mails, troca
e divulgação de material de pornografia infantil são apenas alguns exemplos de
crimes que não precisam mais ser executados na calada da noite. Tudo pode ser
feito a qualquer hora, de qualquer lugar do planeta. Basta um computador
conectado à internet.
De 1995 até hoje, quando o acesso à
internet passou a comercializado no país, os crimes via rede mudaram de escala
e de volume, porém o dinheiro ainda é o principal atrativo para os criminosos. Um
estudo divulgado, no mês passado, pela Norton da Symantec, aponta que os
prejuízos com crimes cibernéticos somaram R$ 15,9 bilhões no Brasil no último
ano. Especializada em segurança de computadores e proteção de dados
e software, a empresa ouviu 13 mil adultos, com idade entre 18 e 64 anos,
em 24 países, sendo 546 brasileiros entrevistados. De acordo com o estudo,
calcula-se que 28,3 milhões de pessoas no Brasil foram vítimas de algum tipo de
crime cibernético. Cada um teve prejuízo médio de R$ 562.
O montante aferido pela empresa é mais de
dez vezes superior ao prejuízo de R$ 1,5 bilhão registrado pela Federação
Brasileira de Bancos (Febraban) em 2011 com esses crimes, com crescimento de
60% em relação às fraudes em serviços bancários via internet e celular, em
transações de call center, cartões de crédito e de débito registradas em
2010.
Do total, R$ 900 milhões foram perdidos em
golpes pelo telefone e em pagamentos com cartão de débito e de crédito usados
presencialmente. As fraudes na internet e no mobile banking, ações
praticadas por hackers, custaram R$ 300 milhões. Para os golpes com uso de
cartões de crédito pela internet, estima-se o mesmo valor (cerca de R$ 300
milhões). A entidade calcula que as perdas com esses tipos de crimes chegaram a
R$ 816 milhões somente nos sete primeiros meses de 2012.
A Polícia Federal (PF) está de olho no que
acontece na internet. Desde 2003,
a PF tem uma unidade que cuida da repressão aos crimes
cibernéticos. Pensando nos grandes eventos que o país vai sediar, como a Copa
do Mundo e as Olimpíadas, ganhou força este ano com a criação de um centro de
segurança cibernética. De acordo com o delegado responsável, Carlos Eduardo
Miguel Sobral, o desafio da PF é combater ataques que podem levar a um apagão
de acesso à rede mundial de computadores no país.
O Brasil não tem histórico de ataques por
quadrilhas estrangeiras. Por aqui, os criminosos, em geral, são de classe média
alta e têm entre 25 e 35 anos. “Nós temos essa característica de só sofrer
ataques de quadrilhas internas, mas quando você tem um grande evento esse
cenário pode mudar. Esperamos que não aconteça, mas não podemos deixar de nos
preparar para isso,” explicou Sobral, acrescentando que o Brasil integra todas
as redes de cooperação e troca de experiências internacionais de investigação.
“Não ficamos atrás de ninguém. Estamos
alinhados com outros países, como a Inglaterra, o Japão e a Coreia,
que detém a tecnologia nessa área,” destacou. Em 2010, quatro operações da PF
resultaram na prisão de 37 pessoas por fraudes cibernéticas . De 2011 a 2012, foram 12 ações
com 140 prisões.”
Comentários