“Na prática, é o que está acontecendo na
maior cidade do País depois que o sol se põe; ruas desertas, comércio fechado,
população retraída; já são mais de 40 homicícios cometidos na Grande São Paulo,
sempre à noite, apenas nos seis primeiros dias de novembro; governo estadual
aceita ajuda federal; anúncio de transferência de presos pode fazer morticínio
recrudescer
Brasil 247
O chamado toque de recolher já está em
vigor, na prática, em muitos bairros paulistanos. E não apenas na periferia da
maior cidade do País. Também nas regiões consideradas mais nobres o medo
campeia. O trânsito caiu abruptamente após o rush da volta ao trabalho, a
circulação de pessoas a pé se reduziu abruptamente, os sem-teto se aglomeram
nos abrigos públicos, os bares e restaurantes perderam movimento
presencial, ampliando as vendas pela sistema delivery.
Assistir televisão dentro de casa, com
portas e janelas bem trancadas, passou a ser o programa mais seguro para
milhões de paulistanos. Muitos estão em pânico com a onda de crimes que bate à
sua porta, como os moradores da região da populosa Vila Brasilândia, onde oito
pessoas foram assassinadas a tiros entre a noite da segunda-feira 5 e a
madrugada desta terça-feira 6. Tantos outros estão assustados com os
noticiários matinais que elevam as estatísticas da criminalidade.
Este ano, até esta terça 6, as estatísticas
de homicídios sobre o mesmo período do ano passado já haviam triplicado,
chegando a perto de 300 pessoas mortas a tiros na Grande São Paulo. O número de
PMs mortos em combate ou em horários de folga mais que dobrou, saltando de 56
em todo o ano passado para 91 entre janeiro e agora. Contam-se nada menos que
30 ônibus incendiados na região metropolitana desde o início do ano. Assaltos e
estupros aumentaram também.
As circunstâncias sobre como se dá a
escalada da violência são cada vez mais aterrorizantes. A policial militar
Marta Umbelina da Silva foi morta a tiros, no sábado 3, diante de sua própria
filha. Na segunda 5, o filho de um ex-PM foi perseguido e atacado. Um ônibus
lotado, também ontem, sob ordens de ser esvaziado às pressas, foi solto ladeira
abaixo para se espatifar em um muro – e matar um homem no meio do caminho. Uma
empresa suspendeu a circulação de seus coletivos em razão da insegurança, e,
apesar da não confirmação oficial, sabe-se que pelo uma escola da rede pública
fechou suas portas na segunda 5 sob a alegação da existência do toque de
recolher.”
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