Não foi surpresa que o DEM tenha puxado o tapete de Rodrigo Maia e abandonado o seu candidato na disputa da Presidência da Câmara dos Deputados.
A maioria fisiológica do parlamento e a farta ração de emendas, cargos e vantagens que a ela ofereceu Jair Bolsonaro vão levando a eleição de amanhã para uma acachapante vitória de Artur Lira, o candidato do Planalto, mas, paradoxalmente, acabarão por fortalecer a oposição ao atual presidente.
Pois está claro que a guerra de extermínio que ele move não é só contra a esquerda.
Está claro, claríssimo, que Bolsonaro é o “dono” da direita e que não há lugar para quem tergiverse e ache que pode apoia-lo numa “agenda liberal” na economia mas dissentir de sua política fascista em tudo o mais.
Quem esteve com ele só tem um destino, a morte política.
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João Dória percebeu que teria este destino mas não conseguiu livrar-se dele. Por mais que tenha obtido projeção e simpatia com a história da vacina, não vê isso refletir-se em popularidade eleitoral.
Rodrigo Maia é o mais recente cadáver produzido pelo presidente, mesmo tendo cumprido eficientemente a missão de fazer a reforma previdenciária de Paulo Guedes, podando, é verdade, algumas maldades excessivas.
Na conta dos favores que fez, claro, está no topo seu zelo em bloquear todos os pedidos de impeachment, que poderia, mesmo derrotados, mostrar que não há posição intermediária diante de um monstro: ou se o combate ou se lhe é cúmplice, ainda que isso vá significar ser devorado adiante.
Vai restar pouco ou nada do poder que Maia pensava ter acumulado com três mandatos como dono da pauta do Legislativo, ou dois e meio, se contarmos o “mandato-tampão” que exerceu na esteira do impeachment de Dilma e o descarte de Eduardo Cunha.
Mas fica a prova – dolorosa para o país – que aproximar-se deste governo é como cruzar a porta do Inferno e não ter outro destino senão a danação.
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