Vacina: qual, quando, quantas. Está na hora de saber a verdade

por Fernando Brito, Tijolaço -

Segue completamente obscuro o início do longo processo de vacinação contra a Covid, sem que haja no país uma dose sequer além das chineses da Sinovac, em parceria com o Butantã.

Não obstante, cada um fala numa data – como fez hoje Eduardo Paes, ao mencionar que “ouviu dizer” que a vacinação nacional começaria no dia 20 de janeiro, o que foi formalmente desmentido pelo Ministério da Saúde, que preferiu dizer que a data é, apenas, “a melhor das hipóteses”.

Como o mundo inteiro com a vacinação já em marcha (lenta, aliás, pela baixa disponibilidade dos imunizantes), não é preciso ser muito atilado para saber que – como aconteceu há meses com os respiradores – há uma guerra para capturar os pequenos estoques de vacinas já prontas.

O Globo publica agora à tarde que a “Vacina de Oxford, a maior aposta do governo, pode levar cerca de um mês para ficar disponível“, apontando razões burocráticas para tamanho atraso.

Há, porém, etapas anteriores a elas.

É preciso, primeiro, receber as vacinas e ter a garantia de um fluxo de fornecimento que permita planejar a vacinação, do contrário estaremos causando mais confusão, como fez hoje o novo prefeito do Rio ao falar em vacinar 2,6 milhões de pessoas numa primeira fase. Ora, isso é o equivalente a 38% dos cariocas e significaria que, recebendo vacinas segundo sua proporção na população brasileira, seria necessário que o país tivesse disponíveis 83 milhões de vacinas, o que nem o mais otimista espera que tenhamos até o terceiro trimestre de 2021!

Além disso, o Reino Unido, sede da empresa que produz a vacina de Oxford e a Índia, onde se encontra a maior planta de produção do imunizante – o Serum Institute – começam amanhã a usá-la e é claro que não seremos a prioridade. Aliás, o Serum já assinou um protocolo de intenções com a associação de clínicas vacinais privada brasileira, para o fornecimento de 5 milhões de doses (2,5 milhões de imunizações), certamente a preço melhor do que o cobrado do governo brasileiro.

Tudo está, ainda, na base do “se cumprirem o prometido”, que a gente nem sabe o que foi, como no caso do vai-não vai com a vacina da Pfeizer.

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