Bolsonaro exerceu seu negacionismo na ONU


 "Não pode haver afirmações mais absurdas do que considerar o Brasil como exemplo de luta contra a pandemia e de defesa do meio ambiente", escreve o sociólogo Emir Sader sobre o pronunciamento de Jair Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da ONU 

 por Emir Sader, Brasil 247 -

 A ONU mantém a tradição do Brasil abrir a Assembleia Geral. Bolsonaro se valeu desse privilégio pela segunda vez. Desta vez, pôde contar com o caráter virtual da Assembleia e evitar as atitudes de rejeição que sofreu o ano passado, com representantes virando as costas para ele ou mesmo abandonando o recinto.

Por outro lado, caso ainda retorne no próximo ano, Bolsonaro provavelmente não poderá contar com a presença do seu parceiro e inspirador fundamental, Donald Trump, caso se confirme sua derrota em novembro. 

Não adiantou a chamada de atenção do Secretaria Geral da ONU, António Guterres, conclamando a obedecer a ciência e, comemorando os 75 anos da ONU, exaltou o papel do multilateralismo. Bolsonaro não ouve argumentos alheios.

Não pode haver afirmações mais absurdas do que considerar o Brasil como exemplo de luta contra a pandemia e de defesa do meio ambiente. É um discurso fora da realidade, mas é a única forma de articular um discurso que não enfrenta as denúncias e as acusações, além da realidade das imagens das queimadas na Amazônia e no Pantanal, além dos dados brutais das vítimas da pandemia.

O discurso de Trump e de Bolsonaro são articulados em torno da busca de bodes expiatórios. Antes de tudo, a ideia de que os Estados Unidos e o Brasil são vítimas de campanha internacionais desenvolvidas por setores que perdem privilégios com a ação desses governos. É a linha do ministro de relações exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, segundo o qual o marxismo cultural se vale do multilateralismo para controlar o poder no mundo.

A imagem do Brasil no mundo causa espanto e provoca o ridículo. O governo se vale de mecanismos similares aos utilizados pela ditadura, de acusações a supostos adversários que se incomodariam com a importância que o país estaria adquirindo.

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