Mais uma história mal contada na família Bolsonaro, a dos R$ 86,7 mil que apareceram providenciamente, em espécie, para que o senador Flávio comprasse um “pacote” de 12 salas comerciais, logo vendidos para uma empresa com sede no Panamá, é só mais um dos “pequenos grandes negócios” familiares que se desenvolvem entre eles desde que Jair Bolsonaro foi convidado a deixar o Exército e tornou-se vereador.
Estabeleceu-se, ali, a pedra fundamental de um negócio familiar, ao qual se foram admitidos como “cotistas”, a então mulher, hoje “ex”, e os filhos, numa espécie de “franquia” que garantiu ao grupo uma confortável situação e uma vasta carteira de propriedades imobiliárias.
Nada teria de diferente de muitas e muitas famílias que fazem da política meio de vida e de acumulação de recursos.
Duas características a fazem ser especial, muito especial: a ligação com milícias e polícias e o fato de que seu patriarca, insolitamente, tornou-se presidente da República.
Como diz Vinícius Torres Freire, hoje, na Folha, ” é cada vez mais impressionante que o país se acomode a uma família presidencial relacionada com o crime organizado e acusada de fazer seu pé de meia com o furto de dinheiro público à boca pequena, pois sempre foi marginal na política, sem acesso à roubança em grande escala.”
O bolsonarismo não se aliou ao Centrão, apenas voltou ao ser parte dele, como sempre fez, ainda que com seus arroubos.
O tucanato virou morista, e a Lava Jato se encarregou de matar suas velhas referências, mas não de ampliar o seu eleitorado, restrito às elites.
Depois do breve romance que os uniu, desde o início de 2018 até os primeiros meses de governo Bolsonaro, estão irremediavelmente separados e por isso travam entre si uma guerra de morte.
Os R$ 86.700 dos negócios de Flávio são parte desta guerra, mas não importam muito ante o quadro de fanatismo que está posto na política brasileira.
E ambas as forças em guerra podem ser derrotadas deste embate.
Destruir Bolsonaro, embora quase impossível com o quadro de agora, reabre a classe média baixa para a esquerda.
Destruir Moro significa reabilitar Lula.
Mas isso não é o essencial. Decisivo será o cenário econômico que teremos e que está mito longe de permitir prever alguma retomada.
Perto disso, as rachadinhas não um mero trocado político, “alguma coisinha que tinha em casa” como diz Flávio Bolsonaro.
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