por Fernando Brito, Tijolaço -
A Folha arranja hoje uma certa doutora Catarina Rochamonte para “responder” ao já pretensioso artigo de Ascânio Seleme, ex-diretor de O Globo, que anunciava ter chegado a hora de “perdoar o PT“.
É de doer que um jornal que lança uma campanha pela democracia entregue um espaço sem respostas a alguém que defenda a exclusão de uma força política que, ao menos dizem as pesquisas, tem perto um terço da opinião pública brasileira.
E com argumentos de alta “espiritualidade”, dizendo que na política isso é uma fraude:
No seu sentido profundo, o perdão é
ato singular que se dá na relação de indivíduo a indivíduo e do
indivíduo para com Deus. No âmbito político, é quase regra que haja
fraude por parte de quem pede e por parte de quem concede perdão. Um
exemplo do perdão político foi a anistia; perdão este que o PT e vários
outros segmentos da esquerda não aceitaram de modo imparcial, mas
instrumentalizaram para interesse de seu próprio grupo.
Vejam que aula de Filosofia, digna de um Olavo de Carvalho:
Todos os vertiginosos legados
escolásticos e todas as grandes conquistas da metafísica clássica
beberam na fonte inesgotável do saber infinito e, desavisados, sem saber
de onde, beberam em fontes sublimes. Cabeças sublimes se avolumam e se
agigantam quando respaldadas pelas luzes celestiais. Cada um desses
insignes filósofos soube entreter letras inspiradas e levar adiante
projetivas ideias. Na averiguação dos efetivos lumes da nossa
civilização entretemo-nos com verdadeiros inspirados aos quais devemos a
nossa orquídea esplendorosa. Desses insignes pensadores adviria um elo
comum através de séculos de distância, um pensamento absoluto que
ultrapassaria a história e nela se inseriria: a ideia central de um Deus
cujo nome é amor. O Deus único de Aristóteles, o Bem supremo de Platão e
o Deus amor dos cristãos. Conquanto nos esforcemos para assegurar a
elasticidade do conceito, perturba-nos a intensa coexistência dessas
instâncias máximas: Deus único, Deus de amor, Deus de Jesus. Deus se fez
ao alcance do homem e Deus se fez ao alcance de uma humana definição.
Menos por ousadia que por desespero de luz, o homem soube se ver como
filho e, certo, olvidou a senda que lhe direcionava o espírito, mas,
lúgubre e falho, conservou ainda essa dignidade máxima em seu coração.
Enquanto a turba deleitava-se em
prazeres, o coração nobre de um outro povo se refugiava na fé e na
esperança da verdade e da luz. A contiguidade entre os povos erradicava a
necessidade de preterir o velho em direção ao novo e as conclamações
bélicas de Alexandre convenientemente estabeleceram esses limites.
Dá-se, então, a manutenção das excelentes formas de pensamento grego,
formando-se posteriormente a hierarquia romana. Contudo, o deslinde se
deu. Roma estava em chamas e as menores cercas estavam desfeitas.
Césares destruídos e conturbadas hordas disseminadas. Todos se
intimidaram perante a permanência obsoleta de um império e construíram
as próprias leis em tentativas de prevenção. Os espíritos abismaram-se
em seus recônditos esconderijos e assim se configurou a Idade Média.
Francamente, Folha, perto de sua filósofa, Janaína Paschoal chega a ser uma esquerdista!
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