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Detector Xenon1T foi instalado em laboratório na Itália entre 2016 e 2018 |
As descobertas foram divulgadas no servidor Arxiv de artigos não revisados por outros cientistas.
Até agora, cientistas só conseguiram fazer observações indiretas de evidências de matéria escura, sem uma detecção definitiva e direta dela.
Há diversas teorias que tentam dar conta de como essa partícula possa ser. A mais aceita é a WIMP (sigla em inglês para partículas maciças que interagem fracamente).
Físicos que integram a série de experimentos Xenon já gastaram mais de uma década em busca de sinais desses WIMPs, mas até agora não tiveram sucesso.
Ruído de fundo
O experimento foi realizado nas instalações subterrâneas de Gran Sasso, na Itália, de 2016 a 2018.Seu detector foi preenchido com 3,2 toneladas de xenon líquido ultra-puro, sendo que 2 toneladas serviram de “alvo” para as interações entre átomos de xenon e outras partículas que se movimentaram ali.
Quando a partícula cruzou o alvo, ela gerou pequenos flashes de luz e elétrons liberados do átomo de xenon.
A maioria dessas interações, batizadas de eventos, são com partículas que já conhecemos, como múons, raios cósmicos e neutrinos. Elas constituem o que os cientistas chamam de sinais de fundo.
Um possível sinal de uma partícula não descoberta precisa ser forte o suficiente para superar esse ruído de fundo.
Cientistas estimaram cuidadosamente o número de eventos de fundo no Xenon1T. Eles esperavam ver 232, mas o experimento detectou 285.
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Evidencia indireta da matéria escura: a gigantesca colisão de dois clusters de galáxias separa matéria escura (azul) da matéria ordinária (rosa) |
Uma explicação pode ser que uma nova fonte de ruído de fundo que não havia sido considerada antes, causada pela presença de pequenas amostras de trítio no detector do Xenon1T.
O resultado pode ter a ver também com neutrinos, que passam aos trilhões por seu corpo por segundo. Uma explicação pode ser que o momento magnético (uma propriedade de todas as partículas) dos neutrinos seja maior do que o valor no Modelo Padrão, que categoriza as partículas elementares na física.
Uma nova física
Há quem acredite que só uma nova física seja capaz de explicar o fenômeno.No entanto, o excesso de eventos é mais consistente com sinais dos axions, uma classe de partículas ainda a ser detectada. Na verdade, o excesso de eventos tem um espectro de energia similar ao esperado dos axions produzidos pelo Sol.
Em termos estatísticos, a hipótese de axion solar tem uma significância de 3,5 sigmas.
Ainda que essa significância seja alta, ela não é grande o bastante para concluir que os axions existem. O patamar de 5 sigmas é geralmente considerado o limite para se confirmar uma descoberta como essa.
A significância das hipóteses de momento magnético e de trítio correspondem a 3,2 sigmas, o que significa que elas são consistentes com os dados.
Cientistas que atuam nos experimentos Xenon estão aprimorando as interações para um novo experimento, Xenon-nT. Com melhores dados dessa futura versão, os pesquisadores estão confiantes de que em breve eles poderão dizer se o excesso de eventos foi um acaso estatístico, uma contaminação do fundo, ou algo muito mais empolgante.
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