Os genocidas não dão refresco


por Fernando Brito, Tijolaço -

Nas redes sociais, uma senhorinha com aquela cara de “meu-deus-como-todas-se-parecem” anuncia a “Bolsonaro Week”, o que ela chama Semana Nacional de Reabertura do Comércio. E recomenda que todos saia à rua, para aproveitar promoções “com o preço lá embaixo” e que “comprem muito”. Ah, sim, cuidadosa, manda que todos vão em seus carros, com a bandeira do Brasil e “buzinando muito’.

Fosse apenas esta figura, pouca ou nenhuma importância teria a não ser avisar para manter distância dela.

Mas não é assim.

E nem é só outra figura assemelhada, o presidente da República.

Olhe a foto de hoje, de O Globo e veja as aglomerações que já se formam em bancos, terminais de ônibus e nas ruas dos bairros mais pobres.

No mercado – e no mercado mundial – os epidemiologistas do dinheiro estão comemorando em índices em altas o que julgam ser o início do fim da pandemia. E, no nossos caso aqui, a da que nunca existiu, mas foi só uma gripezinha.

O povão, com os sinais confusos das autoridades – que a cada dia afrouxam em lugar de apertar as regras de isolamento – e a necessidade apertando, já está voltando para as ruas, para o trabalho que passa agora a ser o lugar de morrer.

Os jornais se apressam a dizer que passa rápido: “há quatro dias o número de novos casos cai no país tal”,

E de fato caem, mas é só pensar que estes países, há 15 ou 20 dias, adotaram as mais duras quarentenas, com as pessoas literalmente trancadas em casa. E é, certamente, por isso que os novos casos diminuem.

Devolva estas pessoas às ruas, onde o vírus segue circulando – ou não haveriam novos casos que, embora se reduzindo, contam-se à casa dos milhares e virá uma nova onda de infectados e “futuros mortos”, como se os atuais 500 ou seiscentos por dia não bastassem.

Aqui, tudo é pior, porque sequer temos noção da realidade da epidemia, porque nos faltam testes – e os que temos, na maioria, são imprecisos – ao ponto de termos aplicado essa investigação em apenas 0,02% da população e temos deficiência diagnóstica por protocolos muito recentemente unificados.

Não sabemos se temos 12 mil ou 40 mil casos e, em algum momento, esta subnotificação se consertará com uma evolução vertiginosa dos casos.

Que será maior caso se confirme o afrouxamento que estamos vendo se infiltrar na sociedade e ganhar adeptos.

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