por Ricardo Kotscho, Balaio do Kotscho -
Em plena semana do Carnaval, eles rodaram a baiana e rasgaram as suas fantasias de generais de pijama.
Sob o comando do nanogeneral Augusto Heleno (na brilhante definição de Fernando Morais), ministro do Gabinete de Segurança Institucional, o governo militarizado está em pé de guerra contra o que resta de democracia e agora quer convocar o povo a ir às ruas contra o Congresso.
“Nós não podemos aceitar esses caras chantagearem a gente o tempo todo. Foda-se”, proclamou Heleno com todas as letras, durante o hasteamento da bandeira no Palácio da Alvorada, às oito horas da manhã de terça-feira, como relata a repórter Naira Trindade, no jornal O Globo.
Com sua cara de sonso, ele não percebeu que a cerimonia estava sendo transmitida ao vivo.
Era só que faltava para um novo golpe dentro do golpe de 2016, como aconteceu com o AI-5, em 1968, quando a ditadura militar fechou o Congresso e acabou com o Estado de Direito, suspendendo todas as garantias constitucionais.
A situação ficou tão surreal, que o capitão teve que pedir calma ao general _ e não o contrario, como era de se esperar.
Como diria Sergio Cabral ao ver a cena, “acho que ele exagerou”.
Dessa vez, não foi só a oposição que reagiu a mais um ataque criminoso à jornalista que denunciou a fábrica de fake news nas eleições de 2018.
Até os isentões da imprensa e aliados do governo se assustaram com o nível de degradação e vilania a que chegou o presidente da República, completamente descontrolado desde a morte do miliciano Adriano da Nóbrega, amigo da família, investigado no esquema de rachadinhas do gabinete de Flávio Bolsonaro quando era deputado estadual.
“O chefe de Estado comporta-se como chefe de bando. Seus jagunços avançam contra a reputação de quem se anteponha à aventura autoritária. Presidentes da Câmara e do Senado, ministros do Supremo Tribunal Federal, governadores de estado, repórteres e organizações de mídia tornaram-se vítimas constantes de insultos e ameaças”.
Ontem, os presidente da Câmara, do Senado e do STF mantiveram-se em obsequioso silêncio diante dos insultos de Bolsonaro à jornalista da Folha.
E agora? Vão se fingir de mortos com a clara ofensiva do do general Augusto Heleno contra as instituições revelada pela matéria de O Globo?
Até o momento em que comecei a escrever esta coluna, não vi nenhuma reação da parte civilizada da sociedade, diante do avanço golpista do governo militarizado, em todos os escalões, com centenas de generais e coronéis assumindo, paulatinamente e na moita, o comando do país.
Resta saber se isso acontecerá com ou sem o capitão aloprado na cadeira de presidente.
Esse Carnaval promete…
Em Brasília, já começou, e não tem hora para acabar.
Agora sem fantasia, caminhamos para o colapso completo das instituições.
Vida que segue.
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