Segundo julgamento de Lula é o da Justiça que não “cai na real”



.por Fernando Brito, Tijolaço -

O julgamento do TRF-4, marcado para depois de amanhã, é uma comédia de erros.
Comédia trágica, diga-se.

Uma provável condenação do ex-presidente, depois da decisão de reverter ao primeiro julgamento os casos em que a ordem da apresentação da defesa tomada pelo STF, mas ainda não “ementada”, porque pendente a decisão de modular seus efeitos, é criar outro constrangimento – desnecessário – para o próprio Supremo.

Se não acatada pelo Tribunal Regional, sob o pretexto de que não está formalizada, será mais uma questão conflagrada a ser colocada à Corte Suprema.

É evidente que a validade do julgamento do TRF-4 será levada ao Supremo.
Para que acelerar, passando a frente de mais de mil processos, o julgamento a toque de caixa de um segundo processo de Lula, poucos dias depois de ser libertado, ainda que provisoriamente?

É por política, rejeitando o fundamento essencial da Justiça, o de ser exercida com prudência.

Não há efeito prático deste andamento atropelado do processo. Não há risco de continuidade delitiva, de obstrução de Justiça, de fuga ou insubmissão a ordens judiciais. É alguém que passou 580 dias preso, disciplinadamente e nem mesmo poderá ser preso, pois está em vigor a decisão sobre a presunção de inocência…

O efeito, claro, é político e é a este que o TRF-4 persegue e só isso torna o seu julgamento político e, portanto, contaminado.

A menos que se disponha a anular o julgamento de primeira instância – o que parece completamente improvável – o que os três desembargadores – todos declaradamente hostis a Lula – estão fazendo é preparar um novo confronto com o Supremo.
Patrocinado pelo próprio STF, naquele discursinho finório de Luiz Edson Fachin, hipócrita até a medula.

A politização do Judiciário é um valor que superou a defesa da instituição judicial.

Há uma evidente agressão do Tribunal Regional ao STF em fazer açodadamente o julgamento.

Mas não surpreende, quando numa declaração covarde, proferida ao final do julgamento, sem dar a seus pares o direito de falar, convida o Congresso a mudar a Constituição para anular aquilo que, em respeito a ela, acabara de ser decidido.

Um dia “cairão na real” de que todos eles, na esteira de Sergio Moro, destruíram a respeitabilidade da Justiça.

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