Lula livre: o mundo não acabou e o Brasil já pode sonhar de novo


 por Ricardo Kotscho, Balaio do Kotscho -

Passados quatro dias após a libertação de Lula, não aconteceu o apocalipse previsto por algumas almas atormentadas.

O mundo não acabou e milhões de brasileiros voltaram a sonhar com dias melhores num país mais civilizado.

Os aviões continuaram decolando e aterrizando, as marés subindo e descendo, as Bolsas e o dólar oscilando como sempre, ao gosto dos especuladores.

Até o ar se tornou mais respirável e o sono melhorou, após o longo pesadelo que começou em janeiro.

Como eu previa aqui, não aconteceu nada para justificar o pavor da elite decadente, do mercado do Posto Piranga, dos comentaristas amestrados, dos togados emplumados, dos fardados de pijama e dos alucinados das milícias virtuais.

Carlos Bolsonaro até apagou todas as suas redes de fake news. Game off…

No primeiro fim de semana de Lula livre, os botecos ficaram lotados, assim como os ensaios das escolas de samba e os estádios de futebol.

Teve muita gente que festejou vestida de vermelho, rolou muita cerveja nas quebradas da vida, alguns patos amarelos protestaram e a vida seguiu seu ritmo normal.

Lula voltou a comer churrasco com a família e os velhos amigos em São Bernardo e, na segunda-feira, sua agenda já estava lotada de compromissos.

Amanhã, o ex-presidente viaja para o nordeste, onde uma grande festa o espera domingo, no Recife, para comemorar a sua libertação.

Pensaram que a gente tinha perdido a alegria e a esperança. Enganaram-se.

Para quem quer guerra, nós respondemos com gente cantando e dançando, sem medo de ser feliz.

Vai levar muitos anos para consertar o estrago que fizeram, sabemos disso, mas sempre existe um primeiro passo para o recomeço, e ele já foi dado.

Em desespero de causa, acenam com a Lei de Segurança Nacional para Lula, como fez a ditadura militar original nos anos 1980, sem se dar conta de que os tempos mudaram.

Nós já os derrotamos uma vez, na grande festa cívica das Diretas Já, em 1984, quando o Brasil inteiro saiu às ruas para dar um basta ao arbítrio das bestas.

Esta nação não nasceu para ser triste, com trabalhadores sem emprego e jovens sem boas escolas, doentes morrendo nos corredores dos hospitais.

Nascemos para celebrar a vida, não a morte.

Não queremos mais armas, queremos mais livros.

Está na hora de levantar a cabeça e exigir os nossos direitos, surrupiados por esse exército de ocupação, que está destruindo e rifando nosso patrimônio.

A tristeza é reacionária, a alegria é revolucionária.

O Brasil nunca teve medo de cara feia.

Por mais escura que seja a noite, sempre há um novo amanhecer.

Como dizia o grande filósofo popular Carlito Maia, não precisamos de muito para ser felizes. Só precisamos um do outro.

Tem coisas que a razão não explica, mas a gente sente. Cada um fazendo a sua parte, as coisas acontecem, e não demora.

Aos 80 anos, Francis Hime, velho parceiro de Chico Buarque, deu de presente a Lula, no dia do seu aniversário de 74 anos, uma nova versão do refrão de “Meu Caro Amigo”:

“Mas o que eu quero lhe dizer/

Que a gente tá te esperando/

Para o Brasil voltar a de novo a ser feliz/

A luta continua, a gente quer democracia/

A gente quer de volta o maior dos presidentes/

A gente só quer Lula livre”.

Agora já temos Lula livre. Só falta o resto…

Vida que segue.

Comentários