por Fernando Brito, Tijolaço -
Depois de Jair Bolsonaro, João Doria e, agora, Marcello Crivela apelam para seus “kits gay” de ocasião.
O governador paulista manda recolher 350 mil apostilas de 144 páginas porque, em meio a elas, três faziam a ousadia de dizer que a realidade e que o mundo não é feito apenas de homens-homens e mulheres-mulheres e que ninguém deve ser maltratado por isso.
O prefeito carioca, um descalabro administrativo como poucas vezes se viu, manda meganhas municipais recolherem uma revista de porque, num dos quadrinhos, dois homens se beijavam.
Claro que, por mais estúpidos que sejam, sabem que, com a internet, qualquer adolescente ou mesmo pré-adolescente tem acesso representações de sexo, escritas, desenhadas ou filmadas astronomicamente mais explícitas que as que mandaram apreender.
Até a minha geração, hoje nos 60, tinha, porque não havia uma sala de aula onde, mais cedo ou mais tarde, não circulassem as famosas revistinhas do Carlos Zéfiro, aliás Alcides Caminha, um pacato e anônimo (até que Juca Kfouri o fez revelar-se, já nos anos 90) funcionário público.
Ambas as publicações teriam passado despercebidas e, ainda que nada tenham de ofensivas, muito menos ainda ofenderiam os suscetíveis na obscuridade.
Aliás, a revista que escandalizou Crivella foi lançada em 2010 e nunca despertou revolta alguma, depois de vender centenas de milhares – ou até milhões – de exemplares no mundo inteiro.
E, se neles não havia nada de sórdido, nos dois governantes que armaram o factóide há, e muito.
São dois exploradores do sexo, na forma do preconceito. Seguem, sem nenhum pudor, a trilha imunda aberta pelo atual presidente, dono, aliás, de uma fixação sexual que todo dia se revela, quando se refere à política como namoro, noivado, casamento e até em “levar para o motel”, além do famoso “comer gente” de seu apartamento funcional.
A estupidez dá voto, nestes tempos de estupidez.
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