por Fernando Brito, Tijolaço -
Claro, parte deste efeito é ação dos ‘scalpers’, os que negociam no mercado intraday – ou de prazo bem curto é a marca de uma especulação miúda – gigante para nós, mas mixuruca para o mercado financeiro.
Mas o grosso disso é, muito claramente, comprar dólares para remeter para o exterior, porque a remuneração interna do capital não compensa a sua manutenção em reais.
E por que comprar caro, quando se sabe que a moeda brasileira está excessivamente deprimida e todas as instituições financeiras prevejam o dólar em torno de R$ 3,90 no fim do ano, contra os R$ 4,16 de hoje. São 6,3% de ganho em três meses jogados fora, uma dinheirama, considerada a quantidade de dinheiro envolvida.
E, reflitamos: a queda dos juros no Brasil se dá para o aplicador de dinheiro, não para o tomador que, dependendo do tipo de crédito, paga entre 50% e 350% como taxa para tomar empréstimos.
Ou seja: os bancos captam dinheiro a taxas perto da Selic ( ou 5% ao ano) e emprestam por taxas seis a oitenta vezes maiores.
Recomendo a leitura do sempre lúcido José Paulo Kupfer, no UOL:
[A taxa Selic] chegou ao nível
histórico mais baixo —e, provavelmente, ainda vai descer a níveis ainda
mais baixos— porque a economia encontra-se em mau estado, estagnada e
sem forças aparentes de reação.
Do lado oposto, não remunera financeiramente o investimento aqui. E como o consumo segue estagnado, também na economia produtiva, deixamos de ser tão atraentes quanto éramos.
Vamos caminhando, para ser apenas uma selva financeira, para negócios rápidos, apenas.
Sem rumo, sem projeto, a administração do dia a dia da economia não tem outro caminho senão o da especulação e das “espertezas”.
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