Como um fanático, Guedes dobra a aposta na fracassada política econômica de Macri. Por Carlos Fernandes

Paulo Guedes

por Carlos Fernandes, DCM

Quando Maurício Macri – o irmão siamês do então menino prodígio Aécio Neves – assumiu a presidência da Argentina, não demorou para que os “tolos” do MBL decretassem o futuro brilhante da economia hermana sob os milagrosos fundamentos do liberalismo econômico.

Consumada a “obra”, Macri se tornou tão inconveniente para a imagem da direita quanto a sua versão brasileira.

Mas como para essa gente a tragédia do resultado não implica necessariamente na revisão do método, a solução encontra-se sempre no aumento da dose.

É uma espécie de círculo vicioso onde a ineficácia se retroalimenta de seus próprios pressupostos até virar um mal ainda maior do que aquele que se queria combater.

Paulo Guedes, como todo bom Chicago Boy, não só não foge à regra, como a endossa com uma convicção típica dos religiosos.

Ciente do fracasso da Reforma Trabalhista para a geração de emprego e já antevendo o fiasco da Reforma da Previdência com a manutenção de seus privilégios na contenção dos gastos públicos, faz do que seria uma alternativa, plano fundamental para a sua versão tupiniquim da retomada do crescimento.

Nos rastros de Macri em direção ao abismo, Guedes engata a sexta marcha na redução do Estado na economia e anuncia a venda do patrimônio público brasileiro no atacado.

A liquidação, diz ele, é para o semestre corrente. “Eu quero privatizar todas as empresas estatais”, afirma com a fé dos fanáticos.

Devoto que é da sagrada mão invisível do mercado, amaldiçoa a Constituição de 1988 por atribuir ao Estado a função de prover ao povo mais educação e saúde.

E como pena por essa heresia, mais flagelo.

Mais do que ser contra uma revisão no teto de gastos, o que o profeta do absurdo quer é furar o “piso da despesa obrigatória’. O fundo do poço dos investimentos públicos terá um alçapão.

O inferno é o limite.

E como não existe um falso messias que abdique de uma boa oferenda, a volta da CPMF, numa alíquota que pode ultrapassar o dobro da última que vigorou, fecha o ciclo de penitências que o povo terá que cumprir para que o mercado possa prosperar.

Uma coisa, sabemos todos, nada tem a ver com a outra.

Guedes, como um fanático, invoca o povo ao sacrifício.

A “recompensa”, porém, já se vislumbra no nebuloso purgatório que se transformou a Argentina.

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