por Fernando Brito, Tijolaço -
Não que tenha sido sem a habitual cota de elogios e salamaleques à importância da Lava Jato.
Mas o “desembarque” de Miriam Leitão da canoa do ministro da Justiça e ex-herói nacional Sergio Moro tem muita significação, porque o coloca, como foi feito, como um carreirista tão inconfiável quanto seu chefe, Jair Bolsonaro, por outras razões desafeto da cronista “sabe tudo”.
Na sua coluna de hoje:
Quando Moro assumiu, disse que estava
cansado de levar bola nas costas. É o que mais tem feito atualmente. Se
foi para o governo de olho numa vaga no STF, calculou errado: o tempo
de espera é longo e para ele ter o prêmio terá que sempre fechar os
olhos para os inúmeros fatos que antes condenava: o laranjal do ministro
do Turismo, a rachadinha no gabinete do filho do presidente, as
inúmeras vezes em que o presidente feriu o princípio da impessoalidade.
Para Bolsonaro, tudo é pessoal. Todas as decisões que toma, ele mesmo
anuncia que têm razões pessoais: do filé mignon para os filhos ao ataque
aos jornais. Para quem, como Moro, fez uma carreira combatendo a
improbidade administrativa fica incoerente. Para dizer o mínimo.
O auxílio que lhe dão, porém, já não convence senão aos convencidos.
A “prisão do preso Eike Batista”, revogada ontem – como se previa desde a primeira hora – por ser uma nova versão, produzida por Marcelo Bretas, da condução coercitiva espalhafatosa, para tirar a atenção dos revezes de Moro.
Pirotecnia foi, igual, o vazamento de mais um “pedacinho” da delação – sem lógica e sem provas – de Antonio Palocci, no dizer insuspeito de Elio Gaspari.
Da mesma forma, a história do “cabuloso” diálogo entre integrantes do PCC, alegando “acordos” com o PT, que nunca dirigiu a polícia paulista e que há três anos não tem outro papel senão o de alvo para a Polícia Federal.
A credibilidade da Lava Jato, ferida de morte pelas revelações do Intercept, já não se sustenta sequer entre os sempre a apoiaram.
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