‘Fogo é só onde o pessoal desmata’, diz Bolsonaro. Se desmata, não era mata?


por Fernando Brito, Tijolaço -

Na sua já tradicional “paradinha para falar besteira” à saída do Palácio da Alvorada, o senhor Jair Bolsonaro soltou mais uma pérola, agora que desistiu e culpar o ongueiro de moto pelos incêndios na Amazônia.

— A floresta não está pegando fogo como o pessoal está dizendo. O fogo é onde o pessoal desmata.

E onde o pessoal desmata é o quê, presidente? Se “o pessoal’ desmata, era mata, ora.
Tanto que as imagens de satélite mostram os focos de incêndio exatamente nos limites das áreas já desmatada que avançam para a floresta, o que parece indicar expansões sobre espaços onde já houve a derrubada da floresta e o fogo serve para remover a vegetação caída.

Não é, na grande maioria, “fogo de roçado”, a velha coivara que aprendíamos no ginásio, em áreas já ocupadas há tempos, como fica claro no mapa publicado no NY Times. Qualquer um é capaz de perceber a pequena quantidade de focos de incêndio em áreas já desflorestadas, em amarelo no mapa.

E aí, sim, este fogo, pela extensão e intensidade, atinge e destrói trechos de mata viva, que de outra forma não queimaria na floresta úmida da região, mesmo com tempo seco.

Bolsonaro, porém, não tem qualquer compromisso com a verdade e não abre mão de continuar, como antes, no discurso de negação do problema.

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