Greenwald pode ser preso. Amanhã, você. E, depois, os que se calaram diante de Moro. Por Kiko Nogueira
por Kiko Nogueira, DCM -
São Paulo refere-se assim à omissão: “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero.”
“Neutro é o que já se decidiu pelo mais forte”, cravou Max Weber.
Aqueles que vivem hipotecando
solidariedade a Míriam Leitão por qualquer coisa — inclusive as cascatas
que ela inventa sobre xingamentos em aviões — vergam diante da escalada
autoritária de Sergio Moro contra Glenn Greenwald.
Numa delação (ainda não se sabe se
premiada), um dos “hackers” de Araraquara afirmou que o que foi
divulgado pelo Intercept é fruto da invasão dos celulares.
Noves fora o fato de que isso não
deslegitima o que foi publicado, cuja autenticidade foi confirmada por
Folha, Veja e El País, Sergio Moro resolveu partir para tudo ou nada sem
ser incomodado.
Vale lembrar que não há crime em publicar esse material, ainda que vazado por essas pessoas.
Moro mobilizou sua Polícia Federal numa operação que lhe interessa, num franco atropelo da democracia e do Direito.
Daí em diante serão alvos todos aqueles
que ele enxergar como inimigos, não apenas dele, mas do Estado, já que
ambos se confundem numa mente autoritária e sem limite.
Enquanto isso, o silêncio dos covardes é ensurdecedor.
Quando Míriam foi vetada de uma feira do
livro por causa de postagens no Facebook, a grita dessa brava gente
inundou as redes sociais.
Não se ouve um pio.
A Globo, que dedicou um editorial do
Jornal Nacional à defesa da mesma Míriam que se ajoelhou, por ordem dos
Marinhos, diante de Bolsonaro, escala colunistas como Merval para
justificar o chefe da Lava Jato.
Amanhã, se não nos levantarmos, seremos nós.
E depois, eles, que não disseram nada.
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