O general valentão com Lula não pia com Olavo


por Fernando Brito, Tijolaço -
 
O ‘piti’ do general Augusto Heleno hoje com as suspeitas  que o ex-presidente Lula disse ter sobre o episódio da facada em Jair Bolsonaro é de um destempero e de um cinismo constrangedores.

Para começo de conversa, embora tenha ouvido muitas histórias, devo dizer que não tenho elementos que permitam concordar com a tese da “facada fake” e que, portanto, não levantei e não levanto suspeitas sobre sua veracidade. Isso é básico do jornalismo, embora seja direito de qualquer outro especular mesmo sem provas.

Mas o general que acha “a presidência uma coisa sagrada” poderia respondeu quando seus partidários deram um show de grosseria com uma presidente mulher, num estádio de futebol?.

O senhor alguma vez se manifestou sobre as marchas da direita – antes, muito antes da condenação de Lula – carregarem dele um boneco com roupas de presidiário?

Mesmo assim, sua intervenção foi deplorável.

Não lhe cabe fazer, diante do presidente e da imprensa, uma manifestação neste tom, com direito a soco na mesa, sobre qualquer tema.

O seu cargo é de chefe do gabinete de segurança do Presidente e não o de formulador de teses jurídicas sobre o que é ilegal, a prisão perpétua. Inconstitucional, até: leia o Art. 5°, inciso XLVII, alínea C.

Imagino se o senhor teria coragem para esta bravata se o assunto fosse o astrólogo Olavo de Carvalho, condecorado pelo seu chefe, a chamar seu colega, agora demitido, general Santos Cruz de “um merdinha”.

O senhor fez esta cena diante do presidente?

Não?

Então não tire de valente com quem está preso, se é covarde com quem está solto.

Lula é seu desafeto desde que, quando o senhor era comandante militar da Amazônia se opôs à demarcação de terras indígenas e o presidente mandou o chefe do Exército, general Enzo Perri, pedir que evitasse uma crise, da mesma forma que, depois, teve de receber ordem para não fazer apologia de 1964.

É o ódio que acumula há dez anos que o fez vomitar na mesa do café da manhã presidencial?

Não é preciso dizer nada além do que dizia minha velha avó, embora o senhor não tem idade de ouvir o que um garoto devia ouvir: tenha modos!

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