Youtubers bolsonaristas perdem o fôlego e já há quem aposte que estão abandonando o navio. Por Pedro Zambarda
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Diego, Olavo e Nando: sem o entusiasmo de antes |
por Pedro Zambarda de Araujo, DCM -
No dia 11 de novembro de 2018, o presidente Jair Bolsonaro
indicou quatro canais de YouTube como “excelentes opções” de informação.
Embaixada da Resistência, Diego Rox Oficial, Nando Moura e Olavo de
Carvalho eram as recomendações do governante recém-eleito.
Após quase quatro meses depois do início do novo governo, o
apoio entusiasmado ao bolsonarismo está perdendo força no YouTube. Com o
escândalo do ex-assessor Queiroz, as brigas com Olavo e os laranjais do
PSL, fica difícil defender a tal da “nova era”.
Entenda quem são os YouTubers que estão zarpando do novo governo, ou que não conseguem apoiar Bolsonaro como faziam antes.
O funkeiro ostentação que virou bolsonarista
Diego Elomar, funkeiro de Resende no Rio, ficou conhecido
pelo nome MC Rox e estreou um canal no YouTube em 2016. Diego Rox fez,
em plena campanha eleitoral, críticas ao PT, defendeu que Jair Bolsonaro
é honesto e atacou uma reportagem da Folha de S.Paulo que apontava a valorização dos bens e imóveis do ex-capitão.
Lula, para Diego Rox, é um “bandido genocida”. O youtuber
reclama que os filhos do ex-presidente não são investigados. Ele ainda
fez questão de espalhar uma fake news de Joice Hasselmann afirmando que a
Veja teria recebido 500 milhões de reais para atacar Bolsonaro.
No dia 17 de abril, Rox postou um vídeo
com o título “O país tá perdido.
Desabafo!”. “Se você tratar política
como time de futebol, você vai destruir esse governo também. Essa galera
foi eleita por você e você precisa cobrar”, afirmou o youtuber, ao
reclamar que Bolsonaro também está acabando com o Brasil depois de
impedir Haddad na presidência. Na gravação, Diego Rox reclamou das
apreensões na operação contra ataques ao STF e comparou a situação com a
Venezuela.
Cinco dias depois, o youtuber progressista Carlito Neto, O Historiador, apontou a contradição de Rox. Diego Rox viu o vídeo e respondeu no dia 24 de abril que canais de esquerda “só têm calúnia e difamação” e que diz que é contra gente que parece “petista da direita”.
O ex-funkeiro Rox tem mais de um milhão de inscritos em seu canal. O fato é que ele criou outra página no YouTube chamada “Será Verdade” para falar de assuntos fora da política. Parece ensaiar, de fato, uma saída do bolsonarismo que ele mesmo ajudou a propagar.
Nando Moura, YouTuber que não falava dos problemas de Bolsonaro
O caso Queiroz, com as operações suspeitas detectadas pelo
Coaf, veio a público em 6 de dezembro de 2018. Nando Moura, um dos
YouTubers mais influentes dentro do bolsonarismo e discípulo de Olavo de
Carvalho, só falou sobre o envolvimento de Flávio Bolsonaro no caso em 22 de janeiro deste ano.
Nando, que chegou a falar em um vídeo sobre o YouTube ter desmonetizado parte do seu material,
foi convidado de honra na posse do presidente Jair Bolsonaro e é um dos
maiores responsáveis pelos ataques a canais grandes na plataforma.
Conseguiu, graças às viralizações, chegar em 3,2 milhões de inscritos.
Agora, no entanto, fala cada vez menos sobre seu governante e insiste em
ataques contra vlogueiros como Felipe Neto.
A última dele foi soltar um vídeo, no dia 25 de abril, em que defende que a decisão de colocar o general Hamilton Mourão como vice-presidente de Bolsonaro foi de Gustavo Bebianno, ex-ministro e ex-presidente do PSL na campanha.
Fica cada vez mais difícil, até pra ele, defender o governo sem recorrer às teorias da conspiração.
Um canal que só fala de pauta internacional e o guru contrariado
Outro canal indicado por Bolsonaro, Embaixada da Resistência, está mais restrito a falar de pauta pró-Trump. Fala sobre a “conspiração russa”, reclama da potência chinesa e se limita aos assuntos internacionais.
Já Olavo de Carvalho, guru de boa parte desses vlogueiros e
do bolsonarismo em si, passa o dia no Twitter, e nas redes como um
todo, reclamando e atacando o general Mourão.
“Obrigado por me fazer seu boi de piranha”, escreveu Olavo sobre Bolsonaro no dia 24 de abril em seu Facebook.
Se os apoiadores mais ideológicos do presidente estão assim, o barco do bolsonarismo parece cada vez mais furado.
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