por Fernando Brito, Tijolaço -
Espera-se que os generais vindos do Haiti, que abundam no Governo, não tenham trazido aqueles feitiços de vudu pelos quais o país era injustamente conhecido antes da sucessão de desgraças que por lá ocorreram.
Do contrário, Jair Bolsonaro ficaria tentado a espetar os alfinetes em algum boneco gorducho que representasse o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
Fazendo o papel de “muy amigo”, Maia faz um périplo de entrevistas dizendo que Bolsonaro tem de assumir um papel mais ativo, dizendo claramente que quer fazer alianças com os partidos e parlamentares. Hoje, falando a banqueiros e empresários, escolheu uma palavra forte para definir a situação do ex-capitão:
“O problema é que o presidente
(Bolsonaro), ele está refém do discurso dele de campanha. A sociedade
pós eleição gerou muita expectativa do governo do presidente Bolsonaro
de que nós teríamos aí um novo país. Só que as mudanças não são tão
rápidas em um país democrático.
E como ele precisa da negociação, Maia, descaradamente, se oferece para ser o “dono da bola” dentro do Congresso.
Hoje o governo só tem o PSL na base
da Câmara. Não adianta eu, para querer ajudar, colocar o DEM na base se,
num quadro polarizado, o DEM sozinho não vai resolver o problema do
governo. A gente precisa trazer 10, 12 partidos juntos para que a gente
tenha musculatura para dizer que agora nós temos condição de não só
aprovar a reforma da previdência. Ir sozinho para a base do governo hoje
é uma precipitação, um erro. Ou a gente traz todos os partidos de
centro-direita, ou a desorganização só será maior nos próximos meses”.
Bolsonaro já está falando mais fino, dizendo que espera que o Congresso “aperfeiçoe” a reforma e aceitando que ela seja “depenada”. Porque, e é Maia que adverte, ela vai morrer:
Se fosse botar na Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) hoje (a reforma da previdência) eu acho que
perdia ou não votaria, pois a maioria dos deputados iria obstruir para
não votar.
E se alguém está achando que é por isonomia que o “Centrão” está exigindo, para que a reforma tramite, a apresentação das mudanças nas aposentadorias militares, esqueça. É que sabem que aí JB terá de ser muito suave, o que lhes dará o mote para exigir mais e mais concessões.
Ricardo Noblat, em seu Twitter, mostra hoje o tamanho da enrascada em que o ex-capitão está metido: “ou o governo faz uma lipoaspiração no projeto de reforma da Previdência enviado ao Congresso ou ele não será aprovado.”
Rodrigo Maia segue afiando os tralheres.
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