por Fernando Brito, Tijolaço -
Se a decisão de Sérgio Moro, segunda-feira, de jogar os papéis velhos e bem conhecidos da delação de Antonio Palocci na fogueira eleitoral fosse tudo, não seria novidade. Como disse hoje na Folha o experiente Janio de Freitas,”seria inútil esperar que Moro não fosse Moro”.
Mas a ele juntou-se Dias Toffoli e a insólita decisão de revogar, na prática, a decisão de outro ministro, Ricardo Lewandowski, que abolia a liberdade de imprensa se esta fosse exercida com uma entrevista a Lula.
(Leia mais sobre isso no artigo STF & Lula: omissão, partidarismo e hipocrisia, no blog do Marcelo Auler)
Lewandowski teve de engolir e se defende hoje com um artigo, que a erudição metafórica torna pífio, onde diz que o Robespierre fanático da Revolução Francesa e seu terror moralista está à solta.
Mas agora, no script de Moro, havia outra cena marcada: a apresentação das alegações finais do Ministério Público, feita agora há pouco.
Tudo segue um roteiro teatral, porque teatro é, e do absurdo.
E com um ‘timing’ perverso: material para o Jornal Nacional antes do debate da Globo e para as capas de jornais e revistas (antecipadas) para amanhã.
Conseguem fazer pior do que tornar o Judiciário um instrumento político-eleitoral, disposto a ser usado poucas horas antes do pleito.
O fazem em favor da vitória do candidato da barbárie, da selvageria, da negação do que a Justiça deveria promover: o convívio harmônico da sociedade.
O que nos salva é uma constatação triste: o Judiciário brasileiro está, por isso mesmo, tão desmoralizado que pouco efeito isso fará, exceto para as edições dos jornais e na atividade dos zumbis eletrônicos de Bolsonaro.
Comentários