Pesquisa BTG “amarra” Ibope: subida de Haddad não esmorece


por Fernando Brito, Tijolaço -

Há duas coisas importantes na pesquisa encomendada pelo Banco BTG Pactual e só a segunda delas são os índices obtidos pelos candidatos.

Explico: é um levantamento telefônico e, por isso, mais sujeito a distorções, seja na amostra, seja na resposta e completamento das entrevistas, às quais se responde com um teclado de celular.  Por isso, é difícil o “ajuste fino” das respostas, embora haja fórmulas de ajuste, tecnicamente têm mais  valor ao identificar tendências do eleitor.

Há duas dignas de nota, como você vê na série reproduzida acima. Pela primeira vez, num intervalo de um mês e cinco pesquisas, Jair Bolsonaro não elevou seus índices e, de outro lado, Fernando Haddad não esmoreceu seu ritmo de crescimento; ao contrário, foi mais forte (1% ao dia, na média) na última semana  que os 0,57% médios nos sete dias anteriores.

Além disso, ainda no campo dos números, é mais uma a deixar para trás um suposto “empate técnico” entre Haddad e Ciro Gomes, deixando o Datafolha numa incômoda solidão.

O mais importante, porém é que a pesquisa “amarra” o Ibope de hoje à noite, como já havia feito o levantamento do Datapoder360 na sexta-feira. É virtualmente impossível que, mesmo mais modesto, não se registre um crescimento significativo de Fernando Haddad em relação aos 19 pontos registrados na pesquisa anterior.

E, ainda,  um estreitamento da vantagem do candidato de extrema-direita. Não há fatos novos que pudessem justificar seu crescimento, passado o momento agudo da agressão a faca que sofreu e, ao contrário, o noticiário negativo sobre as mulheres e a volta da CPMF, em qualquer análise, são prejudiciais ao seu desempenho.

A esta altura, com uma diferença em torno de dez pontos, o discurso mambembe do “voto útil” em Ciro por uma hipotética ( e microscópica) vantagem no segundo turno é mais wishful thinking de seus dignos apoiadores que um fato do mundo real.

Porque, no mundo real, com todos os méritos que Ciro tenha e possa ter, Haddad é Lula.

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