por Ricardo Kotscho, Balaio do Kotscho -
“Não me deixem só. Eu preciso de vocês” (Fernando Collor, em junho de 1992, pouco antes de cair).
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De repente, o cenário eleitoral clareou, se afunilou, e restaram neste momento apenas três concorrentes para valer na disputa por uma vaga no segundo turno: o candidato do PT, Alckmin e Bolsonaro.
Ao chutar o pau da barraca na segunda-feira, depois de se coligar apenas com o nanico Avante, Ciro Gomes me fez lembrar o apelo desesperado de Fernando Collor citado na epígrafe, na véspera da sua queda.
“Querem resolver a eleição nos gabinetes ou em celas, o que é até pior em certos aspectos”, disparou o ex-ministro de Lula num encontro com empresários da construção, alvejando ao mesmo tempo a aliança da direita de Alckmin com o Centrão e as articulações do PT de Lula pela esquerda.
Depois de passar o ano ciscando à direita e à esquerda, Ciro acabou órfão de pai e mãe, com uma chapa-pura do PDT e o tempo de TV de Enéas.
Daqui a exatos dois meses, no dia 7 de outubro, o Brasil vai às urnas, mas neste momento ainda não dá para saber para onde pretende ir depois da eleição.
O mais provável é um novo embate entre PT e PSDB, como querem os dois partidos hegemônicos na política nacional neste último quarto de século.
Mas também pode acontecer um inédito confronto entre a direita de Geraldo Alckmin e a extrema-direita de Bolsonaro, se Fernando Haddad, o mais provável candidato do PT, não conseguir herdar pelo menos uma parte do tesouro de votos de Lula confinado numa cela em Curitiba.
A Ciro só restará uma última chance de voltar ao jogo, se abater por nocaute os seus principais adversários nos debates da televisão, que começam nesta quinta-feira na TV Bandeirantes.
E é exatamente nestes debates, e na propaganda eleitoral, a partir de 31 de agosto, que a candidatura de Bolsonaro pode desmilinguir, pela absoluta falta de preparo e compostura do candidato da chapa-pura verde oliva do capitão com o general.
Vida que segue.
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