“Não vai ter impeachment”: o vice decorativo admite que o golpe deu ruim. E agora?

“A sorrir eu pretendo levar a vida”
Kiko Nogueira, DCM

Numa velocidade relativamente estonteante para um homem de seu quilate, Michel Temer passou de autor de cartas constrangedoras a golpista fracassado.
Um deputado do PMDB, Osmar Terra, contou ao Estadão que ele, Temer, “trabalha com a ideia de que não vai ter impeachment. Pelo menos este ano ele acha que não vai”. Terra ainda falou que Temer “quer todo o PMDB unido para a eleição de 2018”.

O afastamento de Dilma teria “perdido relevância” depois da decisão do STF. Lúcio Vieira Lima, também da facção peemedebista pró golpe, fez uma conta: “Com esses embargos, a votação na Câmara deve ficar lá para maio ou junho deste ano. No segundo semestre, tem eleições municipais e depois, acabou o ano”.


Se alguém ainda achava que Temer era um grande articulador — e não faltaram colunistas descrevendo-o desta maneira — , é melhor repensar.
MT passou 2015 tentando se vender como alternativa diante de uma queda de Dilma. Conspirou à luz do dia, chegou a ser cortejado por parlamentares (Serra tentou emplacar um ministério), palestrou para empresários, recebeu cupinchas no Palácio do Jaburu, tentou cavar uma vaga como alguém capaz de “unir o Brasil”.

Seu suposto rompimento com o Planalto naquele mimimi antológico que ele mesmo vazou para um jornalista amigo dividiu o partido. Suas próprias pedaladas foram lembradas. Consolidou-se como comparsa de Eduardo  Cunha. Comprou briga com Renan Calheiros. E ainda tem sobre a cabeça a Lava Jato.
Terminou dezembro bambeando e começa janeiro tentando juntar os cacos de seu papel de vice decorativo, lutando apenas para não perder o comando da legenda.

Em algum lugar do passado recente, Temer acreditou que poderia ser mais do que isso. A realidade acabou por demonstrar que, como dizia o pessoal de Tropa de Elite, nunca será."

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