Jornais criminalizam Lula por uso "indevido" de seu nome em acordos

Jornal GGN

Depois de apontar que o pecuarista investigado na Lava Jato, José Carlos Bumlai, utilizou-se do nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para "obter benefícios" em negócios fechados no esquema de corrupção, e a Justiça Federal reconhecer que a apropriação do nome de Lula foi usada "indevidamente", investigações dão conta que o executivo Marcelo Odebrecht também usou a tática do peso da influência para fechar negócios no exterior. Mais uma vez sem comprovação de que Lula consentiu com as negociações ou teria conhecimento do uso de seu nome, jornais publicam envolvimento do ex-presidente nos acordos.
Em uma troca de e-mails entre o executivo da empreiteira Odebrecht, preso no dia 19 de junho do último ano, em fase da Operação Lava Jato, e outros empresários do grupo (Carlos Brenner, Roberto Prisco Ramos, Márcio Faria e Rogério Araújo) e o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, sobre um acordo da Braskem no Peru, Marcelo tenta usar a influência do ex-presidente para fechar o negócio.
No dia 25 de janeiro de 2008, Brenner diz para Roberto Ramos que viu "no jornal que o Lula estará em Lima (Peru)" no dia 5 de março, em reunião de acordos bilaterais entre os dois países e sugere: "já pensou se conseguirmos incluir na agenda a assinatura do MoU [acordo para a instalação de polo petroquímico no país]?". Ramos encaminha a Rogério Araújo mensagem, dizendo que "o ideal" seria Cerveró "assinar o protocolo durante a visita de Lula". O email é encaminhado ao ex-diretor da Petrobras, que assinou o acordo da Braskem durante a visita do ex-presidente ao país.
Outros dois casos são também citados pelo jornal O Estado de S. Paulo: durante uma visita do ex-presidente à Argentina e à Bolívia, quando também foram negociadas tentativas de acordos com esses países. 
Apesar de o executivo da Odebrecht ser um dos investigados da Operação Lava Jato e estar preso pelo esquema de corrupção envolvendo a Petrobras, a relação o ex-presidente Lula não foi comprovada. Em resposta, a empreiteira ressaltou que são "condizentes" as relações institucionais com presidentes "em benefício de interesses nacionais". De acordo com a Odebrecht, a prática é "comum nos EUA e França, onde chefes de Estado promovem suas empresas na busca por uma maior participação no comércio global e "lamenta" que os "fatos absolutamente normais" sejam veiculados como se fossem crimes.
Lula já afirmou que "presidentes e ex-presidentes do mundo inteiro defendem as empresas de seus países no exterior".

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