Luis Nassif, GGN
Ontem, a ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) soltou uma nota curiosa. O mote da nota é o vazamento de informações visando comprometer o senador Randolfo Rodrigues (Rede-AP).
“No
que se refere a denúncias sobre senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e
um suposto recebimento de dinheiro ilícito, já foi esclarecido pela
Procuradoria Geral da República que as informações colhidas não são
suficientes para indicar a autoria de crimes”.
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Na verdade, a nota é um protesto contra alguém (não se sabe quem) que atribuiu o vazamento aos procuradores da Lava Jato.
“É
notório que a sociedade possui direito à informação e que a liberdade
de imprensa é um pilar da democracia, bem como a verdade. No entanto a
veiculação de fatos desabonadores sem a devida informação, que usam o
Ministério Público Federal para atingir pessoas públicas, presta um
desserviço à população no intuito de prejudicar o trabalho dos
procuradores da República”.
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Ou
seja, a ANPR admite que os vazamentos (acompanhados de interpretações
maliciosas) são práticas espúrias. Mas rejeita como espúria a
interpretação de que procuradores vazam. Rejeitando, admite que essas
práticas podem comprometer a imagem do MPF.
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Conforme
já explicitado em trabalho de 2004, sobre a Operação Mãos Limpas, a
estratégia de Sérgio Moro é o vazamento amplo e diuturno de notícias,
para controlar o noticiário. E, na outra ponta, parceria com editores
sem discernimento, dispostos a aceitar qualquer fato manchetável.
Quando ambos – Operação e imprensa – compactuam do mesmo objetivo – adotar viés partidário – o jogo fica perfeito.
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Tome-se o Estadão de hoje. As três manchetes principais são um primor de vazamentos maliciosos de informação.
A
primeira tenta incriminar o Ministro-Chefe da Casa Civil Jacques Wagner
quando governador da Bahia. A matéria menciona conversas entre Wagner e
dirigentes da OAS. O primeiro tentaria liberar recursos em Brasília, os
segundos liberariam apoio para a campanha. Segundo o próprio jornal, é
material mantido sob sigilo em Brasília e em Curitiba.
Provavelmente o vazamento foi feito pelo rapaz do cafezinho.
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O
segundo vazamento diz que empreiteiro fez lobby com Cunha para Haddad. O
lobby visava aprovar a rolagem de dívida de municípios. O relator do
projeto era Eduardo Cunha e o homem que influenciava Eduardo Cunha era o
presidente da OAS. Obviamente, sem a rolagem as capitais não teriam
recursos para obras. E quem faz obras são empreiteiros.
Provavelmente o vazamento da conversa entre o presidente da OAS e Eduardo Cunha foi da faxineira do prédio da Lava Jato.
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O
terceiro é a tentativa de incriminar o ex-presidente do Banco do Brasil
– e atual presidente da Petrobras – Aldemir Bendine, em operação de
compra de debêntures da OAS.
A
operação não saiu. Ou seja, não havia o mote do crime. Mas, segundo o
jornal, a PGR (Procuradoria Geral da República) viu “indícios” de crime
no fato de Bendine pedir para conversar pelo telefone fixo.
Provavelmente
Bendine fez o pedido com receio de que o motorista do PGR pudesse vazar
a conversa para a imprensa, com ilações só possíveis para um motorista
de procurador, não para um procurador.
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Pelo
menos a manifestação da ANPR ajudará a conter o ativismo de alguns
procuradores avulsos, em busca de notoriedade, abrindo representações a
torto e a direito em cima de qualquer factoide.
Fica claro que, agindo como agiram, comprometeram a imagem do Ministério Público Federal.
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Por Charlie
O que se passa é que o senador Randolfe é
linha de frente dos interesses corporativos da ANPR e do MPF no Senado
Federal. Desde que a tal delação vazou, muitos procuradores passaram a
defender o senador publicamente, como Helio Telho e Monique Chequer. É
comum isso, procurador defender publicamente político suspeito do que
quer que seja...?
Portanto, a tal nota não é para
repreeder "procuradore avulsos" que praticam vazamentos (mesmo porque
vazamento é regra no MPF, não exceção), mas sim limpar a barra com o
Senador amigão, para que não restem dúvidas que ele mantém o total apoio
da ANPR e pode continuar a ser o cão de guarda da instituição no
Senado, ainda que um procurador desafeto tenha feito o vazamento.
Por LN
Seria conveniente que a ANPR instituísse um carimbo para os vazamentos: "a favor" e "contra".
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