No desespero, PSDB tenta validar o golpe de Cunha

"Deputados da oposição, como Carlos Sampaio (PSDB-SP), Paulinho da Força (SD-SP), Rubens Bueno (PPS-PR) e Bruno Araújo (PSDB-PE), se reuniram no final desta manhã com o ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Edson Fachin, para quem entregaram documento com as principais teses desses partidos em defesa do impeachment da presidente Dilma Rousseff; Fachin suspendeu, na semana passada, decisões do Congresso determinadas pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para dar sequência ao impeachment; o plenário do STF decide nesta quarta-feira o rito do processo

Brasil 247

A oposição se reuniu no final da manhã desta terça-feira 15 com o ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, para tentar validar o golpe coordenado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e pelo senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, para tentar destituir a presidente Dilma Rousseff.

Participaram do encontro os líderes do PSDB, Carlos Sampaio (SP); do DEM, Mendonça Filho (PE); do PPS, Rubens Bueno (PR); da Minoria na Câmara, Bruno Araújo (PSDB-PE); da Oposição no Congresso, Pauderney Avelino (DEM-AM); e o presidente do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva (SP). Eles entregaram ao ministro um documento com as principais teses desses partidos em defesa do impeachment.

Relator do caso, Fachin suspendeu, na semana passada, decisões do Congresso Nacional determinadas por Cunha para dar sequência ao impeachment. Foi anulada a votação que elegeu a comissão que analisará o pedido aceito pelo presidente da Câmara. Nesta quarta-feira, o plenário do Supremo analisará duas representações do PCdoB, uma contra o fato de a votação ter sido secreta e outra contra a criação de uma chapa alternativa, que foi eleita.

"Entregamos um documento ao ministro Fachin historiando todos os pontos do processo de impeachment que passarão pela apreciação do pleno do Supremo Tribunal Federal amanhã. Falamos da admissibilidade do processo pela Câmara e do processo de julgamento do mérito no Senado Federal. Temos certeza que temos um ministro preocupado com esse momento do país e que o pleno do tribunal, ao tomar essa decisão, vai nortear, sem a interferência política, mas baseado na legalidade, todo o andamento do processo como um todo", relatou Rubens Bueno.

Leia mais na reportagem da Agência Brasil:

Representantes de partidos da oposição entregaram nesta terça-feira (15) ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), um documento com argumentos sobre pontos do rito de impeachment que serão discutidos amanhã (16) no plenário da Corte. No encontro com Fachin, os parlamentares buscaram mostrar que o processo adotado na Câmara dos Deputados respeitou o que está determinado na lei e no regimento interno da Casa.

Amanhã, será levada ao plenário da Corte a ação em que o PCdoB que questiona a validade da Lei 1.079/50, que define os crimes de responsabilidade do presidente da República e ministros de Estado e regula o respectivo processo de julgamento.

“Estamos falando da admissibilidade, pela Câmara, do processo de julgamento no mérito e da decisão final no Senado. Estamos falando da questão da votação secreta na comissão especial e da eleição, que se dá com base na Lei 1079 que trata do impeachment e, especificamente, também falamos da questão da chapa alternativa”, disse o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), aos jornalistas após a reunião.

De acordo com o parlamentar, o processo adotado pela Câmara está dentro da lei. “Quando se trata, no início da conversa, da defesa prévia, ou não, esta não é uma decisão relevante do ponto de vista do que estamos defendendo.

Estamos defendendo aquilo que aconteceu na Câmara, que está previsto na lei. Ora, se a lei fala em comissão especial eleita, não está dizendo indicação, nem homologação”, afirmou Rubens Bueno, favorável à votação secreta para eleição da comissão especial.

“Se nós temos, dentro do regimento, indicação de que essa comissão deve ser eleita por voto secreto, e lá está escrito expressamente, porque a proposta de emenda à Constituição que foi aprovada falava do voto aberto, e fez duas exceções apenas: uma é a questão do veto de matérias. E falava também do processo de cassação de deputado e senador. Não falava de outra coisa. E por isso se manteve no texto do regimento interno da Câmara essa possibilidade de voto secreto em casos de eleição interna, que foi o que aconteceu com a comissão especial”, disse Bueno.

O líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), disse que é a favor do voto aberto, mas também defendeu a votação secreta para eleição dos membros da comissão.

“Somos todos a favor do voto aberto. Por uma questão bastante simples: não estamos aqui nos representando e sim representando a sociedade de nossos respectivos estados. E a transparência é princípio de ordem. Então, por que a eleição se deu por voto secreto? Porque a Constituição diz que a eleição de presidente, de governadores, deputados e vereadores se dá por voto secreto. E o regimento interno da Câmara diz o seguinte: apenas as eleições da Casa também se darão em voto secreto, e uma comissão processante contra a presidente da República se dá pelo voto secreto porque é uma eleição e para evitar a ingerência do Poder Executivo sobre os deputados”, afirmou.

Segundo o líder do PSDB, outro ponto abordado na reunião foi se a presidência do Senado Federal pode analisar o que já foi analisado pela Câmara. “Temos clareza de que não pode. Se temos uma comissão processante na Câmara, se temos um juízo de admissibilidade feito na Câmara, com provas e com defesa apresentadas pela presidente, depois aprovada por dois terços da Câmara para, ao final, essa decisão não valer nada, e o presidente do Senado, a quem caberia julgar no Senado, simplesmente arquivar aquilo que foi aprovado por dois terços na Câmara, não teria o menor sentido. E a legislação seria incoerente, se fosse aceito esse argumento”, afirmou Sampaio.

Participaram também da reunião com o ministro Edson Fachin os deputados Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SD-SP), Mendonça Filho (DEM-PE), Bruno Araujo (PSDB-PE) e Pauderney Avelino (DEM-AM)."

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