Agora não é hora das excelências saírem de férias

Será que o país vai ter que esperar até lá?
Ricardo Kotscho, Balaio do Kotscho

É inacreditável não suspenderem imediatamente o recesso nos três poderes da República para suas excelências decidirem de uma vez, e o mais rápido possível, a questão do impeachment.

Como é que alguém com alguma responsabilidade pública neste país ainda pode pensar em tirar férias agora e ir para a praia tomar caipirinha, vendo o navio afundar com todos os passageiros dentro, ou seja, nós? Será que não pensam no país, no destino de 200 milhões de brasileiros?

Ninguém aguenta mais esta situação. Atravessamos o ano inteiro sobressaltados pela crise política e passamos da recessão à depressão econômica.  Só espero que esta agonia tenha logo um fim, qualquer um.

Para os cidadãos que aqui vivem pouco importa agora saber quem mentiu, quem chantageou, quem traiu quem, quem confia em quem, qual será o destino do lulopetismo, do tucano fernandismo, do cunhismo clepto-golpista, do peemedebismo camalêonico.

Esgotei nos últimos dias todas as palavras do meu pobre vocabulário e as expressões que conheço, aliás replicadas em outros blogs e colunas, já nem sei mais o que dizer. Parece que Brasília não faz mais parte do nosso Brasil real, vive em outra galáxia, na insana luta do poder pelo poder a qualquer preço.

O noticiário desta segunda-feira nos dá conta de que os defensores do impeachment querem deixar tudo para depois do Carnaval, a tempo de conseguirem os votos e os argumentos jurídicos que lhes faltam, esperando que a economia afunde ainda mais e surjam novas denúncias na Operação Lava Jato.

Uma solução rápida para o impasse é possível, basta querer. Será anunciada hoje e instalada amanhã a comissão especial de 65 deputados que discutirão em 15 sessões se a Câmara deve ou não abrir o processo contra a presidente Dilma Rousseff, acatado na semana passada por Eduardo Cunha, e que deverá ser votado depois pelo plenário.

Se o recesso for suspenso pelo Congresso Nacional e aprovada a convocação extraordinária, tudo pode ser resolvido até o dia 4 de janeiro. Basta que os deputados trabalhem todos os dias úteis e não só três vezes por semana como costumam fazer.

Qual é o drama? Todos nós não trabalhamos de segunda a sexta, pelo menos? Custa fazer este sacrifício uma vez na vida?

Quanto antes as excelências votarem "sim" ou "não", mais cedo o país poderá retomar sua vida normal e enfrentar, sem as chicanas políticas e jurídicas, os desafios da situação econômica agravada a cada dia pela indefinição institucional.

Que Deus tenha piedade de nós.

E vida que segue."

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