Russomanno deixa PT, PSDB e PMDB comendo poeira


 Ricardo Kotscho, Balaio do Kotscho

Nem PT, nem PSDB, nem PMDB: quem sai na frente na corrida eleitoral em São Paulo é o comunicador Celso Russomanno, do PRB, com 34% das intenções de voto, deixando os candidatos dos três maiores partidos do país comendo poeira.

Os números da largada para 2016 divulgados pelo Datafolha nesta terça-feira confirmam o desencanto do eleitorado com a política tradicional. Em terceiro lugar, aparece outro comunicador, José Luiz Datena, do PP, que nem sabe ainda se será candidato no ano que vem.

Russomanno tem quase o triplo dos índices de seus principais concorrentes, que estão tecnicamente empatados: a senadora, ex-prefeita e ex-petista Marta Suplicy e o prefeito petista Fernando Haddad, provável candidato à reeleição, oscilando entre 12 e 13% dos votos.

Na rabeira, vem o PSDB, tanto com João Dória Junior (3%) como com Andrea Matarazzo (4%), ambos atrás do pastor Marco Feliciano, do PSC.

Não chega a ser uma surpresa: terceiro colocado na última eleição paulistana, quando Haddad e o tucano José Serra foram para o segundo turno, Celso Russomanno, apresentador da TV Record, foi o deputado federal mais votado do país em 2014, com 1,5 milhão de votos, a bordo da bandeira de defesa do consumidor.
Alguns dados da pesquisa, porém, são surpreendentes. Ao contrário do que dizem as principais lideranças petistas sobre uma conspiração das elites paulistanas contra o partido, o prefeito Fernando Haddad só ganha de Russomanno na faixa de renda mais alta e escolarizada, na qual atinge 22 pontos, contra 17 do candidato do PRB.

Entre os mais pobres, que ganham até dois salários mínimos e garantiram sua vitória em 2012, acontece o contrário: o petista tem apenas entre 6 e 8%, contra 36 ou 37% de Russomanno e 19% de Marta Suplicy.

Com sete pré-candidatos, divididos entre os grupos que apoiam o governador Geraldo Alckmin ou o senador José Serra para a sucessão presidencial, o PSDB patina nos números, correndo sério risco de ficar de fora do segundo turno, se não encontrar logo um nome de consenso e, ao mesmo tempo, competitivo, o que está difícil.

Como ainda falta um ano para a eleição, claro que tudo isso pode mudar, mas esta primeira pesquisa, com o cenário mais ou menos desenhado para 2016, indica uma tendência a se confirmar: o descrédito do eleitorado com os partidos e políticos tradicionais está abrindo espaço para candidatos da chamada terceira via, quebrando a hegemonia de mais de duas décadas repartida entre petistas e tucanos. É também um sinal sobre o que pode acontecer em 2018.

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