Luis Nassif, GGN
Em
sua coluna em O Globo, a colunista Mirian Leitão levanta uma tese
torta, mas que serviu de fundamentação ideológica para a Operação Mãos
Limpas, na Itália. A corrupção seria decorrência do fechamento da
economia permitindo a prática de sobre preços. A abertura da Itália,
decorrente da adesão à União Europeia, teria desnudado esses vícios.
Esse
tipo de postura ideológica foi fortemente influenciado pelos acordos de
cooperação internacionais com o Departamento de Justiça e o Ministério
Público dos Estados Unidos.
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Sérgio
Moro copiou a estratégia e o ideário dos colegas italianos. E os
Procuradores brasileiros não abriram mão da fornida ajuda dada pelo
Departamento de Justiça norte-americano, inclusive apontando corrupção
na Eletronuclear – que sequer estava na mira da Lava Jato, mas estava na
mira do governo dos EUA. Retribuíram fornecendo subsídios para que o
Departamento de Justiça processe a Petrobras nos Estados Unidos.
Para
Mirian, a corrupção só floresce onde existem políticas públicas que
beneficiam setores e empresas. É uma mania recorrente de ideologizar até
respiro.
Com isso, pretende dar uma vestimenta ideológica à corrupção e usá-la em suas tertúlias político-ideológicas.
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É
evidente que quanto mais concentrado os processos de decisão, maior a
possibilidade do mau uso do poder concedido. Nesse sentido, as decisões
individuais sobre os tais campeões nacionais e o voluntarismo de Dilma
Rousseff com seus presentes fiscais, provavelmente comprometeram as
ideias desenvolvimentistas por décadas.
Daí a tentar concentrar a corrupção nas políticas desenvolvimentistas vai uma distância considerável.
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Abusos,
voluntarismo, benefícios indevidos são frutos de uma democracia
imperfeita, não de linhas ideológicas à esquerda ou à direita. Nas
últimas décadas, as grandes corrupções nacionais e globais decorreram da
falta de regulação – não do excesso.
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Agora
mesmo, denúncias vindas dos Estados Unidos identificaram no mercado
cambial brasileira a formação de um cartel constituído de grandes bancos
estrangeiros, visando manipular o mercado de câmbio. Operaram por anos e
anos sem serem incomodados pelo Banco Central. O que provocou esse
crime: excesso ou falta de regulação?
Curiosamente,
o Ministério Público Federal deu pouca divulgação ao caso e o remeteu
ao CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), embora da
denúncia constassem manipulação de spreads e golpes nos clientes.
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Há inúmeros argumentos contra e a favor das políticas proativas de governos.
Pretender
que as barbeiragens dos últimos anos sejam intrínsecas a uma suposta
nova matriz econômica é o mesmo que supor que a elevação da dívida
pública de 15% para 50% do PIB no governo Fernando Henrique Cardoso é
decorrência automática da adoção dos modelos neoliberais.
Em ambos os casos, o que houve foi barbeiragem pura e simples, sem respaldo nas respectivas teorias econômicas.
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A
única diferença entre a corrupção nos modelos fechados e abertos é o
grau de sofisticação dos golpes aplicados. Como, por exemplo, o uso de
Taxas Internas de Retornos impossíveis na privatização, visando rebaixar
o preço dos ativos. Ou apreciar o câmbio em 15% da noite para o dia,
enquanto os mesmos economistas que implantavam o real jogavam na queda
do dólar no mercado futuro.
Pretender que a mão invisível conduza à economia às virtudes públicas é engodo."
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