Altamiro Borges, Blog do Miro
Os jornais e as emissoras de rádio e tevê apresentam uma overdose de notícias sobre a tal "greve dos caminhoneiros". Há detalhada descrição das estradas bloqueadas, longas entrevistas com os "líderes grevistas" e forte exposição da sua "pauta de reivindicação". Na prática, como confessam os próprios conspiradores, a "paralisação" tem um único objetivo: "derrubar a presidenta Dilma". O movimento não conta sequer com o apoio dos sindicatos do setor e, segundo estas entidades, já está em franco declínio, sobrevivendo apenas graças à violência dos bloqueios nas estradas. Mesmo assim, a mídia patronal não para de falar na "greve dos caminhoneiros", num evidente estímulo à ação golpista.
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Por motivos óbvios, a mídia patronal sempre foi radicalmente contra as
greves dos trabalhadores. Ela só apoia uma "paralisação" quando esta tem
objetivos sinistros. Assim foi no Chile, em 1972, quando o jornal El
Mercurio estimulou o locaute dos caminhoneiros, que ajudou a criar o
clima para o golpe que depôs o presidente Salvador Allende e resultou na
ditadura sanguinária de Augusto Pinochet. Foi assim também no Brasil,
em 1964, quando a imprensa apoiou a "revolta dos sargentos", que serviu
de pretexto para o golpe militar. Nesta semana, dois episódios
evidenciam esta manipulação. A mídia dá destaque ao locaute ilegal dos
caminhoneiros e invisibiliza e criminaliza a justa greve dos
petroleiros.
Os jornais e as emissoras de rádio e tevê apresentam uma overdose de notícias sobre a tal "greve dos caminhoneiros". Há detalhada descrição das estradas bloqueadas, longas entrevistas com os "líderes grevistas" e forte exposição da sua "pauta de reivindicação". Na prática, como confessam os próprios conspiradores, a "paralisação" tem um único objetivo: "derrubar a presidenta Dilma". O movimento não conta sequer com o apoio dos sindicatos do setor e, segundo estas entidades, já está em franco declínio, sobrevivendo apenas graças à violência dos bloqueios nas estradas. Mesmo assim, a mídia patronal não para de falar na "greve dos caminhoneiros", num evidente estímulo à ação golpista.
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No noticiário desta terça-feira (10), a Folha registrou, sem qualquer
menção crítica, que a "greve" já atingia 28 pontos em sete Estados,
"sendo 17 bloqueios parciais e onze pontos de concentração sem
interditar as pistas". O jornal da famiglia Frias, conhecido por suas
históricas posições golpistas, deu até o mapa da "paralisação", Estado
por Estado. No mesmo rumo, Estadão e O Globo também deram destaque em
suas capas à "greve dos caminhoneiros". O termo locaute, que caracteriza
um crime pela atual legislação, nem sequer é usado pela mídia patronal.
É explícita a torcida dos barões da imprensa pela ampliação da
paralisação, que pode resultar inclusive no desabastecimento da
economia.
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Dilma denuncia "componentes de crime"
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Diante desta evidente conspiração - que reúne oportunistas do setor e
grandes empresários, contando com o apoio da mídia privada -, o governo
Dilma parece que finalmente decidiu reagir. Nesta terça-feira, a
presidenta afirmou que o movimento tem "componentes de crime". Durante
visita às obras do Metrô do Rio de Janeiro, ela foi enfática: "Tem que
ficar claro que reivindicar neste país é um direito de todo mundo. No
Brasil, há muito tempo que isto não é crime, porque lutamos por isso.
Agora, este país é responsável. Interditar estradas, comprometer a
economia popular, desabastecer alimentos ou combustíveis, isso tem
componentes de crimes já previstos", relata o Jornal do Brasil.
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Já o paquidérmico ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, mostrou que
ainda tem algum sangue nas veias e "determinou que a Polícia Rodoviária
Federal aplique multas e, se for preciso, use a força para desobstruir
rodovias bloqueadas por caminhoneiros", relata a repórter Paula Soprana,
da revista Época. Ela ainda informa que "a advocacia-Geral da União
estuda a possibilidade de ajuizar ação contra os motoristas que
participam da interdição de vias". Sem qualquer sinal de crítica, a
publicação da famiglia Marinho destaca que o "protesto foi convocado
pelo Comando Nacional do Transporte e conta com o apoio de movimentos
sociais [sic] como Vem Pra Rua, Revoltados Online, Avança Brasil, Maçons
BR e o Movimento Brasil Livre". Os grupelhos fascistas até parecem
inofensivos!
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A justa greve dos petroleiros
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Enquanto dá ampla e "neutra" cobertura ao locaute ilegal dos
"caminhoneiros", a mídia patronal tenta invisibilizar a justa greve dos
petroleiros - deflagrada no domingo retrasado. Não há qualquer "mapa" da
paralisação, Estado por Estado, nem entrevistas com os líderes
sindicais. Nesta terça-feira, informa a Federação Única dos Petroleiros
(FUP), a segunda rodada de negociação com a estatal foi suspensa. Apesar
da intransigência do governo, a categoria segue paralisada "pela
retomada dos investimentos, manutenção dos ativos, preservação dos
postos de trabalho, mudanças na área de segurança e saúde e manutenção
de direitos". A greve atinge as principais unidades da Petrobras.
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"Sem avanço na negociação, a tendência é que a categoria radicalize seu
movimento. Os informes dos sindicatos da FUP são de que em várias
unidades a produção nas unidades do Sistema Petrobras está paralisada ou
parcialmente interrompida", descreve o boletim da federação. A mídia
patronal, que historicamente sempre sabotou a estatal e seus
trabalhadores, faz de conta que nada está acontecendo. A paralisação
quase sumiu do noticiário. Quando ela é citada, o objetivo é de
criminalizá-la.
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Na sexta-feira (6), a Folha até publicou editorial venenoso contra a
paralisação. A mesma famiglia Frias, que acoberta o locaute dos
"caminhoneiros", critica a "irresponsável greve dos petroleiros" e
afirma que a Petrobras "se tornou uma organização capturada não só por
partidos, mas também por sindicatos e parte do corpo executivo, que se
valem de posições de comando e influência para impor agenda própria e
obter vantagens desmedidas. São grupos que trabalham em detrimento dos
direitos e benefícios dos acionistas, ultrajando princípios como gestão
eficiente e integridade nas relações com a coletividade". Na greve dos
petroleiros, a Folha não escamoteia as suas posições patronais!"
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