Sem rumo, Aécio clama por doações empresariais

Atordoado com o fim do golpe paraguaio, o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, voltou a criticar o fim do financiamento privado das campanhas; "Este é um tema que ainda terá espaço de debate, porque a fonte da corrupção não é o financiamento privado, é o caráter daquele que recebe e daquele que fornece", argumentou; em reunião no Senado nesta terça (13), o tucano comparou o governo Dilma Rousseff aos governos da Ditadura e disse que "ele irá ser limpo com benzina porque é uma mancha"; ele afirmou que, após o resultado das eleições em outubro do ano passado, foi "o primeiro brasileiro a assumir a derrota", mas defendeu o papel da oposição de tentar o impeachment, após o parecer do TCU que rejeitou as contas do governo de 2014

Brasil 247

Em reunião no Senado nesta terça-feira (13), após as decisões do Supremo Tribunal Federal, que barraram as tentativas de impeachment, que tramitavam na Câmara, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves, comparou o governo Dilma Rousseff aos governos da Ditadura e disse que "ele irá ser limpo com benzina porque é uma mancha". O tucano afirmou que, após o resultado das eleições em outubro do ano passado, foi "o primeiro brasileiro a assumir a derrota", mas defendeu o papel da oposição de tentar o impeachment, após o parecer do Tribunal de Contas da União que rejeitou as contas do governo de 2014. Na entrevista, o tucano ainda voltou a criticar o fim do financiamento privado das campanhas.

"Me me vem à memória o grande senador Ronaldo Cunha Lima, e grande poeta, e que defendeu a democracia no país o quanto pode no seu tempo. E ele produziu uma frase que ficou marcada na história recente desse país. Referia-se ele ao governo ditatorial, ao governo autoritário. Mas peço licença ao poeta Ronaldo para transferir essa frase, esse pensamento para esse governo, sem tirar nem por. Disse lá atrás o senador Ronaldo Cunha Lima ao referir-se ao governo militar, e transfiro para esse governo, disse ele: "Esse governo não irá cair porque não é uma estrutura. Ele irá ser limpo com benzina porque é uma mancha"", disse Aécio Neves.

O tucano afirmou que "o fato objetivo é que essa articulação do governo hoje, seja do Congresso Nacional, a partir da sua base, seja junto aos Tribunais Superiores, a partir de alguns dos seus prepostos, e seja na reconstrução da base aliada, só tem esse objetivo, a manutenção desse grupo por mais tempo no poder". Sobre as tentativas de impeachment lideradas pela oposição, Aécio afirmou "estamos fazendo e vamos continuar a fazer aquilo que devemos fazer, defender a democracia, atacada e vilipendiada por aqueles que se apoderaram da estrutura do Estado Nacional para com qualquer custo se manterem no poder".

Financiamento

Sobre o financiamento das campanhas, Aécio Neves defendeu a contribuição das empresas. "É preciso que fique claro que uma coisa é contribuição de campanha, como define a lei. Como eu recebi, o senador Jorge Viana, a senadora Vanessa e tantos que estão aqui receberam. A outra é extorsão, como aquela a que se refere o delator Ricardo Pessoa, que diz que foi extorquido para financiar a campanha presidencial", ressaltou.

"Portanto, esse é um tema que ainda terá espaço de debate nesta Casa, porque a fonte da corrupção não é o financiamento privado, é o caráter daquele que recebe e daquele que fornece. Portanto, essa é a questão central, e temos que ter mecanismos e instrumentos para punir - como vem fazendo o Ministério Público, a Polícia Federal e, em última instância, a Justiça brasileira - aqueles onde as denúncias e as comprovações já saltam aos olhos. O que me inquieta neste instante é que ao perder os argumentos, ao ver fragilizados todos os argumentos de defesa das ações presidenciais, o PT ataca as instituições. Elas precisam permanecer, ser aprimoradas. Não podem ser atacadas porque tomaram uma decisão contrária ao interesse do PT", disse.

"Assumir a derrota"

Segundo Aécio, ele foi o primeiro brasileiro a assumir a derrota para Dilma. "Por mais que ela não tenha cumprido a liturgia desses momentos de registrar, até como gesto de civilidade, de boas relações políticas, o telefonema do candidato derrotado. Telefonei à presidente da República, cumprimentei pela vitória e disse à ela que a grande e a maior das responsabilidades que ela teria pela frente, sobretudo após uma eleição radicalizada em limites inimagináveis, seria de unificar o país. Disse à ela de forma muito clara que esse era o objetivo de todos nós. Mas não sei se a ligação não estava boa, ou se realmente a presidente não quis ouvir os sinais que nós ali estávamos dando", afirmou.
Ainda assim, o senador disse que "cabe às oposições fazer o que estamos fazendo, com serenidade, sem ufanismos, mas fazendo com que a Constituição seja cumprida e, obviamente, as decisões dos nossos tribunais também sejam observadas".

Comentários