O “jurista” Eduardo Cunha orientou pedido de impeachment de Reale e Bicudo

Fernando Brito, Tijolaço 

Na iminência de tornar-se réu por corrupção e evasão de divisas, o deputado Eduardo Cunha manda vazar que a “área técnica” da Câmara dos Deputados dará parecer pela aceitação do pedido de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff (re)feito por Helio Bicudo e Miguel Reale Jr.

Ora, a “área técnica” dará o parecer – como são quase sempre os pareceres – de acordo com a vontade de quem os encomenda. É como o editorialista dos jornais: escreve o que estiver com o interesse do dono. É como a famosa lenda do editorialista de um dos jornais de Assis Chateaubriand, nos anos 50, que diante de uma encomenda de artigo sobre Jesus Cristo na Semana Santa teria perguntado: “contra ou a favor”?

A notícia de fato é a disposição de Eduardo Cunha de levar, até onde puder – ou a inação de seus pares e do Judiciário o permitir, mantendo-o na presidência da Câmara -, o processo de impeachment como instrumento de pressão para alcançar o  impossível objetivo de salvar seu pescoço.

E a ironia da notícia é a informação de que Cunha “orientou juridicamente” – meus Deus, até onde vai a decadência humana! – ao Miguel Reale Jr. e Helio Bicudo a usarem como base o “consistente” pedido de impeachment apresentado pelo advogado Luiz Carlos Crema, morador de Chapecó (SC) e com escritório em Brasília.

Crema é um “impixista” histórico. Pediu, em 2006, o impedimento de Lula. Pediu três vezes e três vezes perdeu.

Ano passado, tentou impedir judicialmente que Dilma fosse candidata, sob argumentos pífios. Perdeu.

Apresentou outro pedido de impeachment, o quinto de sua carreira, igualmente sem sucesso.

Vejam o ponto a que chegou esta comédia macabra: o Presidente da Câmara apontado como corrupto, ocultador de contas no exterior, orienta os juristas tucanos sobre como embasar seu pedido com a “jurisprudência” de um monomaníaco impixista chapeco-brasiliense.

Como eu falei antes dos editorialistas, bem cabia um editorial na base do “Limites do Ridículo” num jornal que fosse sério.

Mas a a grande imprensa, infelizmente, está mais para habitante do que para crítica destes limites."

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